quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

È ruim a classificação do Brasil na àrea de qualidade da sua democracia.

Crise política derruba Brasil para sua pior posição em ranking de qualidade democrática

  • Há 7 horas
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Foto: ThinkstockImage copyrightThinkstock
Image caption'Não me lembro de ter visto atmosfera tão pessimista no Brasil', diz autor do estudo

A crise política envolvendo o escândalo de corrupção na Petrobras e a tramitação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, bem como o pessimismo nacional com o cenário político, fizeram com que o Brasil caísse para sua pior posição em um ranking da Economist Intelligence Unit (EIU) sobre a "qualidade democrática" de 167 países.
A 10ª edição do estudo, publicado pela empresa de análise e consultoria pertencente ao grupo da revista The Economist, traz o Brasil em 51º lugar, sete postos abaixo de sua melhor posição, ocupada entre 2013 e 2015.
O Brasil se encaixou na categoria de "democracia falha" e ficou atrás de diversos vizinhos latino-americanos, de países africanos e mesmo do Timor Leste, nação asiática que se tornou independente da Indonésia há apenas 14 anos.
A nota dada pelo ranking à democracia brasileira caiu de 7,38 em 2014 para 6,96 (de um máximo de 10) no ano passado.
Além das análises de especialistas, houve pesquisas de opinião pública para medir os níveis de satisfação do público com a política. E, de acordo com Rodrigo Aguilera, analista de América Latina da EIU, as respostas dadas pelos entrevistados no Brasil foram marcadas pelo desânimo.
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'Fraqueza'

"Estou envolvido com o estudo há oito anos e não me lembro de ter visto uma atmosfera tão pessimista no Brasil. Os dados são muito ruins", disse Aguilera à BBC Brasil.
Sob o título de A Democracia em Tempos de Ansiedade, o estudo levou em conta um grupo de cinco fatores para determinar a classificação dos países: processo eleitoral e pluralismo, liberdades civis, funcionalidade governamental, participação política e cultura política.
Com base nos pontos em cada quesito, os países foram classificados como "democracias completas", "democracias falhas", "regimes híbridos" e "regimes autoritários".
"Democracias falhas" seriam países que, apesar de terem eleições livres e respeito às liberdades civis básicas, apresentam o que os autores do estudo classificam como "fraquezas significativas" em outros aspectos da democracia - problemas de governança e de cultura política, assim como baixos índices de participação política da população.
"O problema do Brasil não é uma questão de eleições livres e com credibilidade, mas sim um quadro em que as pessoas parecem ter perdido a fé no voto como forma de combater a corrupção. É isso que chamamos de uma democracia falha", diz Aguilera.

Pontuação

O Brasil recebeu sua pior nota justamente no quesito de cultura política (3,75 de um máximo de 10, uma pontuação influenciada por uma metodologia que desconta pontos de nações em que o voto é compulsório). A maior nota do país foi em processo eleitoral (9,75).
Mas ficou atrás, por exemplo, de Ilhas Maurício, Uruguai, Costa Rica, Botsuana, Chile, Taiwan e Argentina. O Uruguai foi a única nação sul-americana a aparecer na categoria de "democracia completa".
Diversos outros países apareceram como "democracias falhas": a classificação foi aplicada a nações que obtiveram menos que média 8 no ranking - no caso, os que ficaram colocados entre a 21ª (Itália) e 79ª (Montenegro) posições da lista.
O Brasil foi citado especificamente pela Economist Intelligence Unit por causa da crise política detonada pelo escândalo de corrupção da Petrobras e a abertura do pedido de impeachment de Dilma Rousseff.
O estudo alerta que as populações na América Latina historicamente toleraram níveis menores de democracia em troca de progresso econômico. "Mas como essa troca não é mais possível, as atitudes públicas contra os líderes políticos serão cada vez mais hostis", diz o texto.
Aguilera, porém, acredita que os recentes desdobramentos da operação Lava Jato, em especial a prisão de políticos e empresários, poderão restaurar um pouco da confiança da população. "O Brasil está fazendo um trabalho melhor que o México, por exemplo. E não creio que a situação possa ficar pior do que está".
De acordo com a classificação da EIU, mais de um terço da população mundial (2,6 bilhões de pessoas) vive sob algum tipo de ditadura e apenas 8,9% da população mundial vive em "democracias completas".
Os países com a melhor pontuação - e, portanto, as democracias consideradas mais completas - são os países nórdicos Noruega, Islândia e Suécia. Os piores colocados no ranking são Chade, Síria e Coreia do Norte.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Biografia não autorizada resgata Vandré: "Muitos achavam que ele tinha morrido" - Palavra - iG

Biografia não autorizada resgata Vandré: "Muitos achavam que ele tinha morrido"

A história de um dos mais enigmáticos artistas brasileiros está sendo contada em uma das primeiras biografias não autorizadas publicadas após a decisão favorável do Supremo Tribunal Federal, em junho. Durante 10 anos, o jornalista Vitor Nuzzi investigou a vida reclusa do cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré e reuniu tudo em “Geraldo Vandré – Uma Canção Interrompida”, lançado no último mês pela Editora Kuarup.
Recluso desde os anos 1970, Geraldo Vandré tem sua história contada em uma biografia não autorizada
Reprodução
Recluso desde os anos 1970, Geraldo Vandré tem sua história contada em uma biografia não autorizada
Fã declarado, Nuzzi investigava a vida de Vandré há 30 anos, mas a ideia de fazer o livro veio só em 2005 e por um motivo nobre: reviver o artista na memória dos brasileiros.
“Pensava que ele seria esquecido aos poucos. Muitas pessoas não lembravam dele, ele não aparecia, não lançava nada”, contou o jornalista ao iG sobre a vontade de contar a história do autor de clássicos como “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores” e “Disparada”, hinos entoados durante a ditadura brasileira, nos anos 1960.
Entretanto, a proposta do paulistano não agradou o músico, que não quis colaborar com o projeto. “Ele disse que não tinha interesse, que se quisesse um livro, ele mesmo escreveria”, lembrou.
Apesar da negativa, ele nunca atrapalhou o trabalho do autor. “Ele nunca tentou impedir, só disse que não tinha interesse”, deixou claro Nuzzi.
A recusa do artista fez o projeto esbarrar na questão das biografias não autorizadas. O autor começou a escrever o livro na época em queRoberto Carlos conseguiu tirar de circulação sua biografia “Roberto Carlos em Detalhes”, escrita por Paulo Cesar de Araújo. O livro sobre Vandré só foi publicado por uma editora após a decisão do STF.
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Conhecido por "Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores", Geraldo Vandré não lança nenhum disco desde os anos 1970. Foto: Reprodução
Sem a ajuda do principal personagem, Nuzzi intensificou o trabalho. Se não tinha Vandré contando a própria história, o jornalista recorreu a mais de 100 fontes para que eles remontassem a vida do artista, desde gente consagrada como Jair Rodrigues e Caetano Veloso a membros da família, passando por quem trabalhou no Festival Internacional da Canção de 1968, o evento que fez o músico ser conhecido nacionalmente.
Mitos pós-exílio
Em seu trabalho, o escritor buscou investigar mitos sobre a vida de Geraldo Vandré. O principal deles é sobre a volta do cantor ao Brasil, em 1973, após ter sido exilado, quando lançou apenas um disco e depois desistiu da música.
Capa do disco
Divulgação
Capa do disco "Geraldo Vandré", lançado originalmente em 2964
“O que me despertou a curiosidade sobre ele foi o porquê de ele nunca ter voltado como artista”, disse Nuzzi.
Em suas investigaçãoes, o jornalista descobriu que a família negociou com os militares para que o músico voltasse — e eles ainda forjaram uma entrevista exibida pelo Jornal Nacional. “A entrevista foi feita por policiais e ele foi orientado a dar uma declaração sobre não ter pertencido a nenhum grupo político”, contou o autor.
Mas a declaração não foi totalmente falsa. Apesar da música mais famosa de Geraldo Vandré ter sido uma das mais conhecidas canções de protesto contra a ditadura, Vitor Nuzzi defende que o cantor nunca foi engajado politicamente. “Ele sempre foi muito independente e ele mesmo declarava que a arte não podia ser panfleto, tinha que ser livre”, disse o escritor. “[A música dele] Era uma crônica da realidade, não era um hino contra as forças armadas. Mas naquela época, era 8 ou 80, e ele entrou na lista [de artistas perseguidos pela ditadura]”, explicou.
Amante da liberdade
Um dos objetivos de Nuzzi em “Uma Canção Interrompida” é mostrar um outro lado de Vandré e tirar o estigma de cantor de protesto. “Hoje eu vejo o Vandré como um artista livre e libertário, ele era um cantor das liberdades. Ele ficou marcado como um cantor de protesto, mas ele estaria contra qualquer regime totalitário. Ele é um amante da liberdade”, afirmou o jornalista.
Mas, o objetivo principal é fazer o recluso Vandré voltar a ser assunto. “Ele ficou esquecido na medida em que os discos não tocam, que você não vê a pessoa se apresentando”, disse o autor. “Muita gente achava até que ele tinha morrido, já que ele não aparece. Então a tendência é o esquecimento”, continuou.
Além de elucidar a história de Vandré, o livro de Nuzzi também abre caminho para novas biografias não autorizadas no Brasil. Depois de publicar a obra de maneira independente, só com 100 exemplares, o autor finalmente conseguiu um contrato com uma editora.
“Depois do julgamento do Supremo, as editoras se animaram e perderam o receio. É importante pela história, é mais um pedaço da história. Ajuda a por um pouco de luz na história de um artista tão lembrado e tão pouco conhecido”, afirmou o jornalista.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Chove em 83 municípios do RN.

07/01/2016 13h23 - Atualizado em 07/01/2016 13h28

Chove em 83 municípios do RN; em oito, chuvas passaram dos 50mm

Dados são da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte.
Em Lucrécia, na região Oeste, choveu 76,5 milímetros.

Do G1 RN
Chuvas também alegraram a população de Jucurutu  (Foto: Edilson Silva)Chuvas também alegraram a população de Jucurutu (Foto: Edilson Silva)
Chuvas acima de 50 milímetros caíram nas últimas horas em 8 cidades do interior potiguar. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), o maior índice - de 76,5mm - foi registrado na cidade de Lucrécia, na região Oeste. Ainda de acordo com a Emparn, choveu em 83 municípios do estado entre as 7h da última terça (5) e as 7h desta quinta-feira (7). 
Também choveu bastante nos municípios de Coronel João Pessoa (65mm), Encanto (60mm), São Miguel (60mm), Serrinha dos Pintos (57mm), Frutuoso Gomes (55mm) e Pau dos Ferros (50mm), ambos também no Oeste do estado. Em Jaçanã, na região Agreste, choveu 55,2 milímetros.
O Rio Grande do Norte enfrenta a pior seca dos últimos 100 anos. Dos 167 municípios, 153 estão em estado de emergência por causa da estiagem prolongada. Atualmente, 17 cidades estão em situação de colapso no abastecimento d'água e outras 74 em sistema de rodízio.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

MEU ENCONTRO COM “SEU” LUNGA: PENSE NUM VELHO BRUTO!

Por Gerson de Castro*

Foto reproduzida do página do facebook do jornalista
Adepto, que sou, de um bom papo, regado muitas vezes a boas piadas, tive a oportunidade de conhecer há poucos dias, em Juazeiro do Norte, a figura já lendária de Seu Lunga, citado em muitas histórias, a maioria das quais ficticiamente atribuída a ele. Mas pude comprovar que o homem é mais seco que a vegetação da caatinga em época de seca. Conto, a seguir, o meu brevíssimo encontro com tal figura. Brevíssimo mesmo, porque durou, se muito, uns dois minutos.

Estávamos eu, mulher e filho e nossa amiga Ana Lúcia no centro de Juazeiro quando decidimos ir até a casa ou a loja do homem que é citado por tudo que é humorista, é figurinha carimbada em livros de cordel e já foi personagem de reportagens de tevê e até da revista Playboy.

Pouco depois das 16h30, no centro de Juazeiro do Norte. Abordo um guarda municipal e pergunto a ele onde mora seu Lunga. Ele me dá todas as coordenadas. Para, logo em seguida, dizer que seu Lunga não estaria em casa naquele horário, mas em sua loja na rua Santa Luzia, a alguns quarteirões dali.
Decidimos ir até lá. Descobrimos que o centro de Juazeiro é só nome de santo. São Pedro, São Paulo, Santa Luzia e outros santos de que já nem me lembro. Mas são muitos, garanto.

No caminho, para me certificar de que estamos no rumo certo, abordo um mototaxista e um vendedor de loja. Diante da pergunta sobre o endereço da loja de seu Lunga escuto, além da confirmação do endereço, advertências bem-humoradas do tipo “cuidado com o que vai perguntar a ele”. Ou “cuidado, que o homem é brabo”.

Achando tudo aquilo muito divertido, seguimos adiante. Quando nos aproximamos da loja de seu Lunga percebemos que o homem já está fechando sua loja. São 16h50. Rosa e Gabriel se aproximam da calçada, mas, temerosos, não abordam o homem. Ana Lúcia, amiga de velhos tempos, nos faz companhia. Decido cruzar a rua e abordar o homem que a esta altura já fechou, pelo lado de dentro, a primeira porta de rolo de sua loja e se prepara para fechar, pelo lado de fora, a segunda porta.

Encho-me de coragem e abordo o velho personagem que veste camisa azul, traz canetas no bolso e não consegue e nem tenta disfarçar o mau humor atrás de óculos escuros. O chapéu preto lhe confere um ar sombrio. Parece Waldick Soriano. Me vem à mente a lembrança de tipos que a gente encontra pelas feiras livres desse Nordeste de meu Deus.
- O senhor é que é seu Lunga? – pergunto. Mãos cruzadas às costas, em sinal de respeito. Ou timidez.
- É como me chamam – responde secamente sem nem olhar pra mim.
Chego à conclusão de que a conversa vai ser difícil. Decido, em milésimos de segundos, que não vou desistir.
- O senhor conhece Natal?
- Não – Outra resposta seca como uma faca atirada sem aviso prévio.
- Somos de Natal, no Rio Grande do Norte. Somos nordestinos como o senhor. E viemos aqui só para conhecer o senhor, que está famoso em todo Nordeste e no País. E queremos tirar uma foto.
Ele fica em silêncio e continua tentando fechar o cadeado da segunda porta de rolo. Quando se levanta, vira-se para o meu lado.
Estendo-lhe a mão direita e pergunto:
- Posso cumprimentá-lo?
Ele deixa a minha mão estendida no ar e, virando-se em direção à minha mulher, minha amiga Ana Lúcia e meu filho Gabriel, que está com a máquina fotográfica, diz simplesmente:
- Vamos tirar a foto.
Rapidamente, chamo Gabriel e juntos tiramos a foto com o tal personagem. Foto habilmente feita por Ana Lúcia. Na verdade, pensava em tirar mais de uma. Rosa vem em meu socorro e lembra que “seu” Lunga não vai ter tempo para mais de uma foto. Acho que ela quis dizer que ele não teria é disposição.
Feita a foto, seu Lunga sai de perto e começa a descer a rua Santa Luzia. Não tenho tempo sequer para me despedir. Acho que ele nem ouviu meu "obrigado".
Menos mal. Rosa e Ana Lúcia, que decidem tirar uma foto diante da loja fechada, comentam como o velho é bruto e seco. Eu rio somente. Já tenho o que eu queria: conheci seu Lunga e ainda tenho uma foto de recordação. Um verdadeiro troféu para acrescentar às minhas conversas com os amigos.
Lembranças de uma tarde quente no Ceará em que conheci seu Lunga e levei um tranca, ficando com a mão estendida no ar durante alguns segundos.
Mas, poderia ter sido pior. Principalmente se eu tivesse iniciado a conversa perguntando a ele “Seu Lunga está fechando a loja?”
Certamente o tranca seria muito maior e eu não teria a foto.
E você, se estivesse no meu lugar, faria a pergunta?

*Texto publicado com exclusividade no perfil do jornalista em sua página do Facebook.



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Postado por AssessoRN - Jornalista Bosco Araújo no AssessoRN.com em 1/06/2016 05:55:00 PM