segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O sistema financeiro merece impeachment já!

Por Ceci Juruá | Rio de Janeiro, dezembro de 2015

Em brilhante conferencia[1] apresentada durante o  3º. Encontro Nacional  da CNTU[2], em dezembro deste ano,  o prof. Ladislau Dowbor defendeu o ponto de vista que os intermediários financeiros são, na atualidade, meros atravessadores. A economia brasileira para, e está parando segundo Dowbor, porque o sistema de intermediação financeira trava os três motores da economia: a produção a cargo dos empresários, a demanda das famílias e os investimentos públicos.
Tais questões ficariam muito claras, explica Dowbor, se dispuséssemos no Brasil de um fluxo financeiro integrado. Como este fluxo não existe, tem sido difícil quantificar os efeitos da ação dos bancos sobre os distintos setores da economia real.  Valendo-se de alguns exercícios, a partir das estatísticas disponíveis, Dowbor afirma, por exemplo:
“Abstraindo a divida pública, os bancos se apropriam de uma carga de juros anuais de R$ 880 bilhões, 15,4% do PIB. Uma massa de recursos deste porte transforma a economia (…) esterilizando a dinamização da economia pelo lado da demanda (…)  a parte da renda familiar que vai para o pagamento das dívidas passou de 19,3% em 2005 para 46,5% em 2015.”
Além de travar a demanda das famílias, os juros extorsivos cobrados pelos bancos no Brasil impedem que os empresários privados recorram ao crédito. Em média, explica Dowbor, os juros são de 24% para capital de giro, 35% para desconto de duplicatas. Enquanto isto, “na zona euro o custo médio para pessoa jurídica é de 2,20% ao ano.”
Os resultados macroeconômicos fornecidos pelo IBGE[3] confirmam a percepção do ilustre professor da USP[4]. Em média, durante os últimos 20 anos, a repartição da renda interna bruta, gerada no processo econômico, privilegiou o capital, capaz de se apropriar de um percentual que oscila em torno de 40% desta renda. Outro tanto vai para os trabalhadores. O restante entre 15% e 20% fica com o governo, incluídos nesta parcela os benefícios da previdência social pública.
Em grandes linhas, os números da macroeconomia expõem o drama do subdesenvolvimento e da concentração de renda que o caracteriza: 5% da população, empresários e rentistas, absorvem parcela da renda nacional idêntica à que sustenta 95% da população brasileira. Além disso, estes mesmos 5%, privilegiados no processo produtivo, são capazes de um comportamento que pode ser visto como indigno,  pois transferem para seus clientes, empregados e fornecedores, impostos diretos que deveriam ser de sua responsabilidade, caso do IPTU e ITR, do IPVA dos veículos luxuosos que os servem em suas empresas e, geralmente, do próprio Imposto de Renda que incide sobre ganhos empresariais. Estes impostos, diretos, deveriam constituir instrumentos de redistribuição de renda à disposição dos governos. Aqui, no entanto, eles se prestam a um novo mecanismo de extorsão, não-legal, da renda das famílias.
Também é de conhecimento público que a classe empresarial brasileira, assumindo postura de cúmplice da financeirização e do rentismo, que privilegiam particularmente bancos e atores financeiros mas também as grandes empresas, ousam uma campanha sórdida contra os trabalhadores, quando afirmam que o orçamento fiscal não suporta a democracia. Querem na verdade reduzir salários e direitos dos trabalhadores, em particular as transferências que o Governo faz para extirpar a fome e a miséria, caso do Bolsa Família. Querem também liquidar a previdência pública e deixá-la a reboque de planos privados que sugam mais dinheiro da renda familiar e o transferem ao sistema bancário.
Lideram por isto uma campanha feroz contra a atual presidente da República e contra os partidos que, com erros e acertos, vem procurando mitigar os efeitos perversos do neoliberalismo aqui reinstalado na década de 1990.  Como oligarquia, a ação anti-democrática dos plutocratas dispõe de amplo apoio nas camadas mais bem pagas da burocracia, Judiciário e Legislativo. Apoio amplo, mas não generalizado. Ainda hoje, a maioria de juízes e magistrados, de políticos, prefeitos e governadores, não se curvou às exigências da minoria que gostaria de reintroduzir no Brasil a escravidão e o sistema de agregados da “casa grande”.
Por isto é necessário um golpe, um golpe de Estado que reponha no poder senhores e vassalos da financeirização e do rentismo. Em lugar de apontar a causa real da estagnação da economia brasileira, como o faz brilhantemente o prof. Ladislau Dowbor[5], seus intelectuais orgânicos apontam como inimigos da nação a Constituição Cidadã, os direitos sociais e trabalhistas e os governantes que os respeitam.
Não passarão! Mas é preciso que o povo nas ruas e nas tribunas democráticas imponha agora e já: IMPEACHMENT PARA O SISTEMA FINANCEIRO! DEVOLVAM ÀS FAMÍLIAS DOS TRABALHADORES BRASILEIROS OS RESULTADOS DE UMA PILHAGEM QUE JÁ DURA 25 ANOS!
***
Ceci Juruá é economista, doutora em políticas públicas, membro do Forum 21, do Conselho Consultivo da CNTU e da diretoria do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos/IBEP.

[1] Ladislau Dowbor. Resgatando o potencial financeiro do Brasil.  Outubro de 2015.
[2] Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados
[3] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
[4] Universidade Federal de São Paulo
[5] Seus livros e textos estão todos disponibilizados gratuitamente em seu blog.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Caicoense continua com estoque de cachaça disponível a colecionadores

Foto acervo colecionador/divulgação
O estoque de cachaça adquirido por caicoense continua à disposição de colecionadores do produto. Cachaças mineiras, pernambucanas, paulistas, cearenses, paraibanas, e também da região Seridó, a caicoense Samanaú, encontrada até na China. Tatuzinha, Pitu, Mijo de Moça, Rainha, Seleta, Inconfidência, Cristalina do Picão, Mucuri, Nabundinha, Fogosa, Caninha 77, Colonial, Chora Menina, Malhada Vermelha, são algumas das cachaças, umas mais conhecidas, de renome e gosto nacional, outras como produto de mercado turístico.

Apesar de sua pouca idade, Matheus Gregório (20 anos), tem por hábito colecionar cachaça, apoiado por seu pai Reginaldo Clemente, todas originais que, segundo afirma, desde as mais antigas, classificadas em ordem alfabética enchendo todas as letras do alfabeto. Todo o estoque, perto de 300 garrafas, da chamada “água que passarinho não bebe”, ele dispõe pelo preço de 30 reais cada unidade. Uma oportunidade para quem já tem uma coleção e pretende aumentar o estoque, ou quem pretende iniciar uma nova coleção. O contato, através do telefone (84) 99820-9200.
 
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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Paraibana Lucy Alves lança CD e participa de sessão de autógrafos em Natal terça (29)





convite foto por assessoria/divulgação
A cantora Lucy Alves estará no Natal Shopping na próxima terça-feira (29) para uma tarde de autógrafos e o lançamento do CD “Lucy Alves & Clã Brasil no Forró do seu Rosil”, em homenagem ao centenário do grande compositor nordestino Rosil Cavalcanti.  Revelação do programa The Voice Brasil, da Rede Globo, a artista paraibana recebe os fãs na Livraria Leitura, das 16h às 18h.

Lucy Alves e sua família, que compõe o Clã Brasil, revivem os maiores sucessos do autor pernambucano, entre elas “Sebastiana”, “Forró na Gafieira” e “Festa de Milho”. O CD ainda apresenta três poesias inéditas, musicadas pelo músico Badu especialmente para a comemoração: "Coco x Baião", "Gibão" e "Tambaú". Rosil Cavalcanti compôs e publicou cerca de 82 músicas - baiões, xotes e côcos, em célebres parcerias com Jackson do Pandeiro, gravadas pelo parceiro ilustre e também por outros grandes artistas como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho, Marinês, Ademilde Fonseca, Genival Lacerda, Clã Brasil, entre outros.

A partir do lançamento do CD “Lucy Alves & Clã Brasil no Forró do Seu Rosil”, suas publicações totalizarão 85, com as três inéditas complementadas postumamente. O CD tem direção musical de Lucy Alves, direção executiva de Badu com arranjos dois dois e do maestro Chiquito. Lucy toca acordeon, bandolim e violino. O Clã Brasil é composto por Laryssa - Zabumba e coro; Lizete - Flauta e coro; Fabiane - Cavaquinho, violão de 12 cordas e coro; Morena - Triângulo e coro; Francisco Neto – Pandeiro e percussão; e Badu - Violão de 7 cordas. [por assessoria de imprensa]



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Postado por AssessoRN - Jornalista Bosco Araújo no AssessoRN.com em 12/22/2015 02:34:00 PM

domingo, 20 de dezembro de 2015

BRASIL: PÁTRIA DISTRAÍDA?
Geniberto Paiva Campos / Brasília - dezembro,2015

Todos os dias indivíduos normalmente inteligentes e classes sociais inteiras são feitos de tolos para que a reprodução de privilégios injustos seja eternizada entre nós”. (Jessé Souza, “A tolice da Inteligência Brasileira” – Ed. Leya, 2015)

1. Há alguns anos, em um programa de TV, a atriz Kate Lyra criou um inusitado bordão, rapidamente assimilado e repetido pelos telespectadores: -“brasileiro é tão bonzinho!” No qual ressaltava a bondade e, sobretudo, a ingenuidade inata dos nossos patrícios.
Em livro recentemente publicado, o sociólogo Jessé Souza, atual presidente do IPEA, pesquisando as origens desse “jeitinho brasileiro”, relata, em sequência histórica, a participação de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Raymundo Faoro, Roberto da Matta, os quais,agregando ideias de Max Weber, teriam contribuído com respaldo teórico-acadêmico para a confirmação da tese: os brasileiros sãomalemolentes, sensuais, cordiais, decidem com o sentimento (e não com a razão). Portanto, fáceis de serem enganados, levados na conversa. Não gostam do seu país. E nutrem uma admiração profunda, perpétua, em relação Estados Unidos e ao seu povo. Aos quais atribuem qualidades e capacidades sobre-humanas, excepcionais, na esfera moral, pessoal, técnica e acadêmica. Seres muito próximos da perfeição.
Contornando, propositadamente, o núcleo de justificativas “acadêmico/científicas” da tese – muito bem explicitadas no livro do sociólogo Jessé Souza – apresentamos algumas contribuições a esse debate, defendendo a provável ocorrência de um viés “político/operacional” no caso.Produzindo manipulações grosseiras, no intuito de criar na população uma assimilação acrítica. Ingênua e tola, de conceitos políticos e ideológicos do interesse externo, contrários aos interesses do seu país. A nosso ver, um fator muito significativo. Que poderia contribuir para aexplicar a permanência de comportamentos sociais e políticos estranhos da elite e da classe média brasileiras (e da América Latina), habilmente manipuladas pela Publicidade & Propaganda, de origem interna e externa. Todas com o mesmo objetivo: fazer os seus habitantes perderem a esperança no futuro do seu país, reduzindo a próximo de zero o seu orgulho patriótico. Talvez possa ser atribuído um papel significativo a essa lavagem cerebral permanente (e competente) dessas agências de Publicidade & Propaganda na manutenção desse estado de inconsciência coletiva das populações, vítimas, infelizmente, dessas ações deletérias.

2. A partir da segunda metade do século 19, o Capitalismo assumiu características hegemônicas incontestes, enquanto sistema econômico,evoluindo nos anos seguintes para a esfera política, partindo em busca do controle direto e indireto do Estado e apoiando sutilmente governos favoráveis e/ou simpáticos ao sistema. O limiar do novo século mostrou que o Mundo, na defesa dos seus interesses, estaria disposto a se enfrentar em guerras totais. (Como afirmou Clausewitz, um reconhecido estadista da época: “a guerra é a política feita por outros meios”).
Na busca da hegemonia e da sua expansão, países europeus, os Estados Unidos e o Japão, se enfrentaram em duas Guerras Mundiais queeclodiram no século 20. Segundo argutos historiadores (Hobsbawm, E.J - 1977), a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais constituem a mesma guerra. E o que se seguiu, a cinzenta “Guerra Fria” seria apenas um corolário – ou consequência - das duas grandes guerras. Tais conflitos marcaram todo o século passado, e como esperado, mostram seus desdobramentos nos dias atuais.
Desses sérios enfrentamentos, um país, os Estados Unidos da América, saiu praticamente incólume em sua base territorial e em sua economia. O incremento das atividades da indústria bélica americana nos dois conflitos, colocou o país em uma situação de supremacia mundial no pós-guerra, nos planos econômico e político. E tornou-se a única e incontrastável potência nuclear mundial. Diferentemente da Europa, dilacerada, dividida e com a economia em frangalhos.
Após garantir a sua expansão territorial e conquistar áreas preciosas de terras (e do petróleo) do México, os norte-americanos confirmaram a tese do “destino manifesto”, um engenhoso e permanente mecanismo auto atribuído e auto aplicado ao país, o qual passou a justificar a apropriação de territórios e riquezas do interesse geopolítico ou econômico do governo americano.
Durante a Guerra Fria – para muitos estudiosos, ainda em plena vigência, (Moniz Bandeira. L.A, 2013) -  Washington assumiu o papel, tambémauto atribuído, de “gendarme da democracia mundial”, com o envolvimento direto e indireto em invasões territoriais, golpes de estado e levantes internos em diversos países. Sempre em nome da defesa da democracia, encobrindo interesses econômicos e geopolíticos ilegítimos e injustificáveis.
(Retomando um oportuno argumento do autor do livro, enfatizamos que não nos move nenhum tipo de sentimento antiamericano ao fazer tais constatações. Estas devem ser tomadas pelo que são: evidências históricas da formação e da evolução de um país, com inegável vocação hegemônica, implantando a ferro e fogo o seu peculiar conceito de “democracia”).

3. Simultaneamente ao desenrolar da II Guerra Mundial, ficou evidente para o governo americano, o imenso potencial da Indústria dePublicidade & Propaganda, uma arma “bélica” às vezes mais poderosa do que os canhões. Com essa arma era possível induzir comportamentos consumistas: Coca-Cola, ao invés de sucos naturais; fazer as mulheres adotarem o cigarro como expressão da sua liberdade. E, por que não? colocar “ideologias” disponíveis nas prateleiras dos supermercados.
A partir desse ponto, foi montada uma máquina de conquista de corações e mentes, de alcance mundial, dispondo de recursos financeiros inesgotáveis, utilizando todos os meios de comunicação possíveis: rádios, tvs, jornais, revistas (incluindo os “comics” ou revistas em quadrinhos). E ainda a superpoderosa indústria do cinema, com o envolvimento dos magnatas da meca cinematográfica de Los Angeles com interesses geopolíticos de Washington, sendo criada o que ficou conhecida como a “Universidade de Hollywood”. Perfeitamente apta a interpretar fatos e criar versões convincentes. Se necessário, reinterpretar a própria História. Ações com a incrível propriedade de iludir mentes ingênuas e suscetíveis, de todos os quadrantes e origens.
Diante de tão formidável e bem articulado poderio no campo de Comunicação, tornou-se difícil, quase impossível, qualquer tipo de discurso contraditório. E foi a partir de tal conteúdo político/ ideológico do pós-guerra, norteador da Guerra Fria, que o Mundo foi submetido a um ataque insidioso da indústria de Publicidade & Propaganda, defendendo e divulgando valores, transcendentes em sua roupagem externa, mas cujo objetivo essencial era o domínio de territórios e países de interesse do novo Império. E claro, defendendo, por todo sempre, o Mercado e a Livre Iniciativa.
São múltiplos, incontáveis, os exemplos da aplicação dessa política neoimperial no Mundo. Nos mais longínquos rincões do Planeta.
Em meados do século 20, o império americano dispunha-se a lutar contra o Comunismo e pela implantação universal do seu conceito deDemocracia. E, no limiar do novo século, após o ataque às Torres Gêmeas, essa pauta foi ampliada para o combate ao “terrorismo islâmico”, ou “Eixo do Mal”, no qual os limites da guerra convencional foram deixados de lado, passando a valer ações “antiterroristas” que desrespeitariam os Direitos Humanos e regras elementares de combate definidos na Convenção de Genebra. Talvez fazendo valer, mais uma vez, os fundamentos do “Destino Manifesto”. O centro de torturas implantado na base de Guantánamo, até hoje em funcionamento, seria o mais perfeito corolário dessa constatação.

4. “Palimpsesto” é um termo pouco usual. De acordo com o dicionário Houaiss significa “o papiro ou o pergaminho cujo texto primitivo foi raspado para dar lugar a um outro”.
A lembrança do termo surge naturalmente, quando decorrido pouco mais de cem anos do início do período das grandes guerras do século 20, a humanidade continua a reescrever essa história. Cujo texto primitivo não esmaece. Por mais que se tente apagá-lo, raspando-o até à medula,seu conteúdo teima em voltar, se fazendo presente nos dias atuais. Os conflitos bélicos registrados no século passado, dividiram (talvez demaneira inconciliável) a Humanidade entre correntes políticas e ideológicas antagônicas.
Para os que imaginavam que a morte sem glória de Adolf Hitler, numa Alemanha que agonizava frente aos invasores russos, significou o fim do Nazismo, a História mostrou que este apenas hibernava. E gradualmente, reassumia o seu lugar no comportamento humano.
Manifestações de abusos, intolerância, desrespeito aos direitos humanos, quebra da ordem jurídica, tortura, atos de violência extrema contra populações indefesas, submissão do setor judiciário ao totalitarismo, ao “clamor das ruas” ou às pressões da mídia, extinção do estado democrático de direito. Enfim, o abandono consentido de práticas civilizatórias, veio a evidenciar que o Nazismo, redivivo, está sim presente nos mais diversos países. E que para assegurar o lucro, mesmo indevido e garantir os interesses ilegítimos de Estados e Nações, estaria permitida a prática de métodos persuasórios ilícitos ou da força militar explícita para a consecução de tais objetivos.
Caberia, portanto, à consciência crítica da Sociedade fazer a denúncia bem fundamentada de tais métodos e manipulações. Como o fez – de maneira serena e corajosa – o sociólogo Jessé Souza em “A Tolice da Inteligência Brasileira”. Demonstrando seu elevado grau de ousadia acadêmica, desde a escolha do título, o autor revisa conceitos estabelecidos por acadêmicos consagrados, ícones inquestionáveis da Sociologia brasileira. Submetendo-os ao escrutínio científico atual. Bem distante de uma iconoclastia oportunista e superficial, procura demonstrar possíveis vieses e equívocos de mestres do conhecimento sociológico. Num país em que estes reinam soberanos. Tranquilos, intocáveis, absolutos no pensamento acadêmico. Que nunca ousou criticá-los.
E o mais importante, denunciando, de maneira firme e inteligente, nos limites da ortodoxia acadêmica, a forma insidiosa de dominação exercida pelos impérios financeiros. Fazendo cidadãos adultos - crédulos e atilados- de países aparentemente livres e soberanos, assimilarem conceitos equivocados e manipuladores, que servem, tão somente, aos interesses escusos desses Impérios.
Este, talvez, o mérito maior do corajoso livro do sociólogo Jessé Souza: mostrar que o Brasil não é uma pátria assim tão distraída.
Ainda há vida inteligente na nação tupiniquim.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Padre Cícero Romão Batista não tem mais pecados. O padre politiqueiro foi perdoado.

   Viva ! Demorou mas chegou seu dia ! Padre Cícero e Dom Helder, o "Bispo das Multidões", serão elevados aos altares numa mesma solenidade, segundo informações extra muros!  Já pensou  poeta Cunha Lima, Padim Ciço papa?! Não teria ocorrido a 2a. Guerra Mundial! O mundo seria bem melhor e Ghandi teria visitado Juazeiro para se aconselhar junto ao Padim e Lampião, convertido, seria sacristão da catedral do Crato. 
Dezembro é o mês da solidariedade!
Francisco de Assis.


Venerado no Nordeste, Padre Cícero recebe perdão da Igreja Católica


Padre Cícero é perdoado pelo Vaticano

8 de 14

Leo Correa/Associated Press
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JOÃO PEDRO PITOMBO
DE SALVADOR
14/12/2015 13h36 - Atualizado às 16h30
1,7 mil
Venerado em romarias que atraem mais de 2 milhões de pessoas por ano a Juazeiro do Norte (CE), o Padre Cícero Romão Batista foi perdoado pela Igreja Católica após mais de um século de punição.
A reconciliação foi anunciada neste domingo (13) pelo dom Fernando Panico, bispo da Diocese de Crato (CE), que recebeu uma carta do Vaticano com a decisão do papa Francisco.
Conhecido popularmente como Padim Ciço, ele foi afastado da Igreja Católica após um episódio em 1889 que ficou conhecido como "milagre da hóstia", no qual uma hóstia dada pelo padre a uma beata teria se transformado em sangue.
"É o primeiro processo de reabilitação, de esquecimento do passado, que conheço na Igreja. É um caso único, estamos fazendo know-how", disse à Folha Armando Lopes, chanceler da Diocese de Crato. Segundo ele, a Diocese não pretende iniciar um pedido de beatificação de Padre Cícero de imediato: "É um processo muito demorado, não é nossa prioridade".



Bispo anuncia perdão do Vaticano a padre Cícero
Nos anos seguintes, o padre foi proibido de confessar, pregar e administrar os sacramentos, além de celebrar missas. Em 1896, O Santo Ofício determinou que ele deixasse a cidade de Juazeiro do Norte, sob pena de ser excomungado.
As punições se seguiram até 1926, quando o padre foi suspenso definitivamente pela Igreja, que lhe retirou as ordens. Ele morreu em 1934.
Carismático, Padre Cícero tinha influência sobre a vida social e política na região de Juazeiro do Norte, onde hoje há uma estátua de 27 metros de altura em sua homenagem.
A reconciliação foi pedida ao Vaticano há nove anos por dom Fernando Panico e é o primeiro passo para a reabilitação de Padre Cícero. Caso seja reabilitado, o padre estará apto a ser beatificado e canonizado.
A carta, assinada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, diz que o Padre Cícero "viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo". A íntegra do documento será divulgada no próximo domingo (20) pela Diocese de Crato.
Em uma rede social na internet, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT) afirmou que recebeu "com muita alegria a informação da reconciliação da Igreja Católica com o querido Padre Cícero Romão Batista, nosso Padim"

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

"O mundo vai ser negro".


CULTURA

"O mundo vai ser negro", diz filósofo camaronês

Teórico camaronês do pós-colonialismo Achille Mbembe é o homenageado deste ano com o Prêmio Irmãos Scholl, na Alemanha, por seu incômodo livro "Crítica da Razão Negra".
Achille Mbembe: Crítica da Razão Negra
Achille Mbembe: "Crítica da Razão Negra"
"As lógicas de distribuição da violência em escala planetária não poupam nenhuma região do mundo, não mais que a vasta operação em curso de depreciação das forças produtivas", constata o filósofo e historiador Achille Mbembe no epílogo de seu livro "Crítica da Razão Negra". Trata-se de um pontapé inicial rumo a uma nova visão de mundo, o que comprova a atualidade da obra do teórico camaronês, sobretudo quando se pensa nas muitas guerras e conflitos ou nos incontáveis jovens desempregados, principalmente na África.
E foi por esse olhar afiado "sobre a sociedade mundial globalizada, que não remove apenas mercadorias e capital, mas também pessoas e força de trabalho", que Achille Mbembe recebeu em Munique, na segunda-feira (30/11), o Prêmio Irmãos Scholl. A premiação acontece anualmente em homenagem a uma obra "que dê provas de independência intelectual, seja capaz de incentivar a liberdade civil, bem como a coragem moral, intelectual e estética".
Rebelião de escolares na África do Sul: Soweto dos anos 1970
Rebelião de estudantes na África do Sul: Soweto dos anos 1970
Justiça universal no mundo
A questão simples, porém tocante, abordada por este filósofo político, acaba sendo "a questão do mundo": O que é o mundo? Como são "as relações entre suas diversas partes?". Como viver neste mundo? A quem pertencem os recursos? O que move ou ameaça este mundo? Todas essas são questões mais atuais que nunca. A resposta de Mbembe é a visão de uma comunidade universal: "Só há um mundo e todos temos direito a ele". No entanto, segundo a tese do teórico, antes que possamos criar um lar como seres humanos neste mundo comum, precisamos tratar da história dos traumas e das feridas. "Restituição e reparação estão, portanto, no centro da própria possibilidade de construção de uma consciência comum do mundo, ou seja, do cumprimento de uma justiça universal", escreve o filósofo.
devir-negro do mundo
É assim, portanto, que este pensador do pós-colonialismo imprime sua explicação de mundo. Mbembe estudou na Sorbonne, em Paris, depois de passar por Berkeley, Yale e outras instituições acadêmicas conceituadas dos EUA. Hoje, leciona na Universidade de Witwatersrand em Johanesburgo, África do Sul. Seu livro "Crítica da Razão Negra", publicado em 2013 originalmente em francês (e traduzido para o português em 2014), embora seja considerado pelo próprio autor como "um ensaio", é um tratado cheio de meandros sobre racismo e capitalismo, cujas teses são construídas acadêmica e também poeticamente.
"Razão negra" – quem por ventura pensar em qualquer tipo de conceito que possa remeter a "black is beautiful", estará totalmente equivocado. O que Mbembe reconhece é um "enegrecimento do mundo" em uma época de "crespúsculo europeu". E o substantivo "negro", para ele, é compreendido como "toda a humanidade subalterna", incluindo as hordas de operários mal remunerados da indústria chinesa, bem como os milhões de refugiados, que perderam tudo, ou os migrantes europeus em busca de emprego, submetidos a condições precárias de trabalho. Mbembe analisa o desenvolvimento desta "cisão" e "codificação da vida social em normas, categorias e números". Para isso, ele volta mais de 500 anos na história. No centro de seu tratado recheado de teses, está o conceito do nègre – palavra usada em determinados idiomas hoje somente entre aspas, conotada negativamente e associada ao conceito de racismo.
Escravos na plantação de cana de açúcar em Cuba: pintura de Patricio de Landaluze (1874)
Escravos na plantação de cana de açúcar em Cuba: pintura de Patricio de Landaluze (1874)
Os Condenados da Terra
Segundo Mbembe, o "Negro" é uma construção material e fantástica, que passou por três fases. A primeira delas, que foi do século 15 ao 19, se deu com a espoliação organizada através do tráfico transatlântico de escravos. Na segunda fase, os "seres cujos direitos foram usurpados" lutaram, a partir do fim do século 18 até o fim do apartheid há aproximadamente 20 anos, pela libertação e emancipação como "sujeitos completos do mundo vivo". A terceira fase é esta na qual vivemos, a "da globalização dos mercados, da privatização do mundo sob a égide do neoliberalismo" – uma fase que começou no início do século 21 e que "é dominada pelas indústrias do silício e pelas tecnologias digitais".
Em mais de 300 páginas, Mbembe comprova que, sem o "Negro", o capitalismo não teria podido se desenvolver desta forma como se desenvolveu e ainda se desenvolve, transformando continuamente as pessoas em mercadorias. Para isso, o teórico faz uso de citações que vão do viajante Alexis de Toqueville a Frantz Fanon, o mentor francês do pensamento descolonizador. "Poder predador, poder autoritário e poder polarizador, o capitalismo precisou sempre de subsídios raciais para explorar os recursos do planeta. Assim o foi e assim o é, ontem e hoje, ainda que atualmente ele esteja colonizando o seu próprio centro e que as perspectivas de um devir-negro do mundo nunca tenham sido tão evidentes".
Um livro para a sociedade mundial globalizada
Immanuel Kant estabeleceu em 1781, com sua obra principal de teoria do reconhecimento intitulada "Crítica da Razão Pura", os conceitos decisivos para o Iluminismo. A partir desta herança, Achilles Mbembe criou, com seu trabalho sobre o afropolitanismo, nada menos que os princípios teóricos de um "projeto de um mundo por vir", um mundo "liberto do peso da raça e dos ressentimentos".
O Prêmio Irmãos Scholl é concedido pela Federação Estadual da Baviera da Associação do Comércio Livreiro Alemão, junto com a prefeitura de Munique, dentro do Festival de Literatura que acontece na cidade. A premiação, no valor de 10 mil euros, leva o nome de Hans e Sophie Scholl, dois combatentes da resistência, mortos pelos nazistas. Em 2014, o prêmio foi entregue a Glenn Greenwald, parceiro de Snowden, por seu livro No Place To Hide, lançado no Brasil sob o título Sem lugar para se esconder: Edward Snowden, a NSA e a espionagem do governo americano.
  • Data 02.12.2015
  • Autoria Sabine Peschel (sv)

  • Link permanente http://dw.com/p/1HFb4

Novos relatos da Intentona de 1935

Publicação: 2015-12-04 00:00:00 | Comentários: 0Fonte: Tribuna do Norte/RN
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A programação que lembra os 80 anos do levante armado de 1935 contra o governo, em Natal, tem mais um evento neste sábado (05). O Sebo Vermelho vai lançar “O Comunismo e as Lutas Políticas do RN na Década de 30”, livro que reúne a série de reportagens do jornalista Luiz Gonzaga Cortez sobre os antecedentes, as ações e os personagens da Intentona Comunista.
DivulgaçãoMovimentos políticos da primeira metade do século XX são abordados em novo livro de Luiz Gonzaga CortezMovimentos políticos da primeira metade do século XX são abordados em novo livro de Luiz Gonzaga Cortez

A publicação original das reportagens foi no “O Poti”, a edição dominical do jornal Diário de Natal. Os jornais deixaram de circular há alguns anos e a homenagem de Luiz Gonzaga, no livro, é para “os companheiros e editores da redação”. Na época, algumas das informações levantadas nas pesquisas para as reportagens, causaram certa polêmica. Uma delas, foi a afirmação de que o soldado da PM Luiz Gonzaga, cultuado como herói da resistência aos revoltosos, nunca foi militar. A revelação consta da entrevista feita pelo jornalista com o aposentado Sizenando Filgueira, que era do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e um dos líderes da rebelião.

“Ele não era herói nem militar na época. Ele apenas era um débil mental, menor de idade, e deram-lhe um fuzil para acompanhar os que fugiam do quartel em procura da Base Naval”, afirma Sizenando (pag. 91), para em seguida descrever como matou Gonzaga: “(...) olhava para a direita e vi quando ele estava procurando fazer pontaria para atirar. Antes que ele atirasse, eu atirei. Só dei um tiro e ele caiu”. Sizenando conta em detalhes como foi o ataque ao antigo “Quartel do Batalhão de Segurança” (a antiga Casa do Estudante, no Passo da Pátria), com nomes de outras testemunhas para a morte. Documentos oficiais da época também apontam para a versão contada por Sizenando.

O domínio dos revoltosos sobre Natal durou três dias – de 23 a 25 de novembro de 1935 – e a insurreição, que era mais contra o Estado Novo de Getúlio Vargas que uma tentativa de implantar um estado proletário, também ocorreu em Recife e Rio de Janeiro. Derrotados, os líderes foram presos – aqui, no interior do Estado – e a repressão política/policial que se instaurou atingiu a todos os opositores do governador Rafael Fernandes.

Polêmicas à parte, a pesquisa jornalística feita por Luiz Gonzaga Cortez para as reportagens se constitui em um material de estudo valioso para entender a história política do século XX no Rio Grande do Norte. Algumas das lideranças tidas como referenciais, ainda hoje, se formaram e atuaram naqueles episódios revoltosos e nem sempre claros das alianças, conspirações e interesses da década de 1930. Com essas reportagens, Luiz Gonzaga chegou a ganhar três prêmios “Elias Souto” (FJA – 1984/1986 e 1992) e um outro da Fenaj.

O lançamento, com a presença do autor, será a partir das 9h e deverá se estender até o meio dia. O Sebo Vermelho fica na avenida Rio Branco (Cidade Alta), quase esquina com a rua Coronel Cascudo. O preço do exemplar será de R$ 30,00.