quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Debate sobre os médicos me dá vergonha

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O perfil dos médicos cubanos é o seguinte: em geral, eles têm mais de uma década de formados, passaram por missões em outros países, fizeram residência, parte deles ( 20%) cursaram mestrado e 40% obtiveram mais que uma especialização.



Para quem está preocupado com o cidadão e não apenas com a corporação, a pergunta essencial é: essa formação é suficiente?


Aproveito essa pergunta para apontar o que vejo como uma absurda incoerência - uma incoerência pouca conhecida da população - de dirigentes de associações médicas. Um dos dirigentes, aliás, disse publicamente que um médico brasileiro não deveria prestar socorro (veja só) se um paciente for vítima de um médico estrangeiro. Deixa morrer. Bela ética.



Provas têm demonstrado que uma boa parte dos alunos formados nos cursos de medicina no Brasil não está apta a exercer a profissão. Não vou aqui discutir de quem é a culpa, se da escola ou do aluno. Até porque para a eventual vítima tanto faz.



Mesmo sendo reprovados nos testes, os estudantes ganham autorização para trabalhar.



Por que essas mesmas associações, tão furiosas em atacar médicos estrangeiros, não fazem barulho para denunciar alunos comprovadamente despreparados?



A resposta encontra-se na moléstia do corporativismo.



Se os brasileiros querem tanto essas vagas por que não se candidataram?



Será que preferem que o pobre se dane apenas para que um outro médico não possa trabalhar?
Sinceramente, sinto vergonha por médicos que agem colocando a vida de um paciente abaixo de seus interesses.





Gilberto DimensteinGilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.


Nota

Esse jornalista é contra tudo e contra todos do PT


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Médicos no paredón? Vixe, Maria.

Mais uma diatribe:

MEDICOS NO PAREDÃO
Samuel Gueiros (Médico)
Os médicos estao emparedados.
Se não bastasse a desfiguração do ato médico costurado com tanta paciencia pela classe, e detonado pelos assessores de saúde do governo,  as imagens da midia vão empurrando os médicos contra a parede: enquanto as cenas da chegada dos médicos estrangeiros com imagens de paz, amor são de quem vem para ajudar, a reação dos médicos brasileiros é de quem quer só atrapalhar. Essas reações já causam mal estar na mídia, através da manifestação de jornalistas independentes que de forma crescente vão perdendo o medo do “poder médico”.
Na novela das 8 os médicos ainda aparecem piores, envolvidos em sacanagens, incompetência, maracutaias e até assassinatos, em um folhetim da maior audiencia no país. E no Fantástico, de grande audiência, médicos assinam ponto no serviço público e fogem para as clínicas particulares. É isso que é "falta de condiçoes"!..
São imagens de grande impacto social, que resultará em crescente rejeição da população à classe médica. As pessoas vão desenvolvendo a idéia de que só há nos médicos uma preocupação com seus próprios interesses e de desprezo pelos pacientes: a consulta é de um tempo mínimo e a ênfase é nos artefatos do complexo industrial médico-hospitalar sucedendo procedimentos caros e desnecessários. Reportagem da Veja desta semana caracteriza de forma clara a escalada do desprestígio, e do excesso tecnológico, em que um médico renomado afirma que 80% das ressonancias são desnecessárias.  Há uma ancoragem tecnológica e não humana no ato médico dos últimos tempos.
Há um filme da década de 80 (Blade Runner) em que Harrison Ford interpreta uma espécie de “médico cibernético” à procura de réplicas humanas (“androides”) defeituosos. O mais interessante é que o médico cibernético não utilizava nenhuma tecnologia para identificar os androides doentes, nenhuma tomografia ou ressonância, ele utilizava simplesmente a “clínica”, ou seja, era uma entrevista a ferramenta na qual ele procurava identificar as contradições do discurso do andróide que revelava a sua “não humanidade”.  Ou seja, o autor enfatiza que no futuro, mesmo cercado de toda a tecnologia, seria a entrevista, a investigação psicológica, a abordagem clínica, a única forma válida de entender o outro.
A desfiguração do ato médico representa uma reação dos novos profissionais da saúde que vêm nos médicos uma postura de arrogância histórica, inclusive pela pretensão de ocupar todos os cargos administrativos da área da saúde.
A súbita preocupação com riscos para a saúde da população e com os direitos trabalhistas dos cubanos, soa completamente hipócrita, configurando uma das maiores contradições históricas da classe médica: nunca, neste país, houve preocupação dos órgãos de classe com relação aos riscos das pessoas sem assistencia médica no interior. E subitamente, agora, aparece uma angelical preocupação com os riscos para essa população somente com a chegada dos médicos estrangeiros.
O presidente do CRM-MG chegou a ser patético quando ameaçou que não iria autorizar socorrer pessoas vítimas de erros médicos dos cubanos, imediatamente rechaçado por outro médico, Padilha, ameaçando com a “segurança jurídica” da medida. Eu não sou contra o Mais Médicos e como outros colegas estamos contra os que estão contra, dá pra entender? pois é, caminhamos para uma esquizofrenia ética.
Se a classe médica ameaça com os médicos estrangeiros com o Revalida, a população certamente não revalida essas atitudes. Se ninguem se manifestou ainda, em breve os prováveis resultados positivos para a saude das populações assistidas pelos médicos estrangeiros vão se constituir mais um tijolo nessa parede contra os médicos brasileiros que estão vivendo um impasse histórico. Os argumentos relacionados à espionagem,  falta de condições de trabalho, mensalão cubano, etc., não simples manobras diversionistas em relação ao foco: não há médicos para o interior do Brasil e ponto final.
Sem liderança política, sem sensibilidade e sem exemplos de dignidade e preocupação social, os médicos vão perdendo moral e seu papel histórico como formadores de opinião. Viraram deformadores de opinião.
Com isso, os médicos estão ajudando a eleição de Padilha para o governo de S. Paulo e a reeleição de Dilma Roussef, prenunciando mais uma década de tirania petista.
Os cubanos colocam os dissidentes no paredão. E agora, vieram para o Brasil para colocar os médicos brasileiros no paredão da  irracionalidade.


Em 24 de agosto de 2013 20:22, Armando Negreiros <armandoanegreiros@hotmail.com> escreveu:

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Festão na chegada dos médicos cubanos em Brasília.




        Médicos cubanos: avança a  integração  da América Latina!



                       “O que brilha com luz própria , ninguém pode apagar
                        Seu brilho pode alcançar a escuridão de outras costas
                        Que pagará este pesar do tempo que se perdeu....
                        Das vidas que nos custou e das que nos podem custar..
                        O pagará a unidade dos povos em questão....
                        E a quem negar esta razão, a história condenará...”

                        Canción por La Unidad Latinoamericana
                        Pablo Milanez


       
Não faltaram emoção, lágrimas e dignidade na chegada dos 176 médicos cubanos, que desembarcaram neste sábado à noite em Brasília, para um trabalho indispensável em municípios brasileiros, mais de 700, ainda sem qualquer assistência médica.  Quando aqueles cidadãos cubanos, muitos deles negros, muitas mulheres, com bandeirolas brasileiras e cubanas nas mãos, pisaram  o solo brasileiro,  ali estava o retrato do enorme progresso social, educacional e sanitário alcançado pela Revolução Cubana. Mas, também, uma prova concreta de que a integração da América Latina está avançando; não é só comércio, é também  saúde. O Brasil coopera com Cuba na construção do Complexo Portuário de Mariel  -   sua  mais importante obra de infra-estrutura  atualmente  - e Cuba coopera com o Brasil preenchendo uma lacuna imensa, a falta de médicos.

A campanha conservadora contra a integração latino-americana sofrerá um revés tremendo quando o programa Mais Médicos ,  começar a apresentar seus efeitos concretos. Esses resultados terão a força para revelar o teor medieval  das críticas feitas pelas representações médicas e pela mídia teleguiada pela publicidade da indústria farmacêutica.

                                                                Volumosa desinformação

Tendo em vista o volume de desinformação que circulou contra a vinda de médicos estrangeiros,  mas contra os médicos cubanos em especial, é obrigatório travar a batalha das idéias, primeiramente, em defesa da Revolução Cubana como uma conquista de toda a humanidade. Cercada, sabotada, agredida, a Revolução Cubana,  que antes de 1959,  possuía os mais tenebrosos indicadores sociais,  analfabetismo massivo, mortalidade infantil indecente, desemprego e atraso social generalizado, consegue libertar-se da condição de colônia, e, mesmo sem ter uma base industrial como a brasileira, por exemplo,  e passa a exportar médicos, professores, vacinas, desportistas.Exporta, principalmente, exemplos!

Esse salto histórico da Revolução Cubana deixa desconcertada a crítica, seja  emanada pela mídia colonizada  pelas lucrativas transnacionais fabricantes de fármacos ou equipamentos hospitalares, seja a crítica oligarquia difundida pelas representações médicas. Os que questionam a qualidade da formação profissional dos médicos cubanos são desafiados a responder por que a mortalidade infantil em Cuba é das mais baixas do mundo, sendo inferior, inclusive, àquela registrada no Estado de Washington, nos EUA?


                                                             Cuba e a libertação africana


Vale lembrar que Cuba possuía, antes de 1959, pouco mais de 6 mil médicos, dos quais, a metade deixou o país porque não queria perder privilégios, nem concordava com a socialização da saúde. Apenas cinco décadas depois, é esta mesma Cuba que tem capacidade de exportar milhares de médicos para socorrer o povo brasileiro de uma indigência   grave construída por um sistema de saúde ainda determinado pelos poderosos interesses das indústrias hospitalar, farmacêutica e de equipamentos, privilegiando a noção de uma medicina como um negócio, uma atividade empresarial a mais, não como um direito, como determina nossa constituição.

Já em 1963, quando a Revolução na Argélia precisou, iniciou-se a prática de cubana de enviar brigadas médicos aos povos irmãos. Ensanguentada pela herança da dominação francesa, a Revolução Argelina encontrou em Cuba a fraternidade concreta, quando ainda não havia na Ilha um contingente médico tão numeroso como o existente atualmente. Predominou sempre na Revolução Cubana a idéia de que em matéria de solidariedade internacional comparte-se o que se  tem, não o que lhe sobra. Foi exatamente ali na Argélia que se estabeleceram laços indestrutíveis entre a  Revolução Cubana e os diversos movimentos de libertação da África. A partir daí, Cuba participou com  brigadas militares e médicas em diversos processos de libertação nacional do continente. De tal sorte que, em 1966, a primeira campanha de vacinação contra a poliomielite realizada no Congo, foi organizada por médicos cubanos! Os CRMs conhecem esta informação? Sabem que a poliomielite foi erradicada em Cuba décadas antes do Brasil fazê-lo?

       
                  Será  o Revalida capaz de avaliar a dimensão libertadora da medicina cubana?


Quando Angola foi invadida por tropas do exército racista da África do Sul, baseado nas supremas leis do internacionalismo proletário, Agostinho Neto, presidente angolano, também médico e poeta, solicita a Fidel Castro ajuda militar para garantir a soberania da nação africana. Uma das mais monumentais obras de solidariedade foi realizada por Cuba que, ao todo, enviou a Angola, cerca de 400 mil homens e mulheres para, ao lado dos angolanos e namíbios, expulsar as tropas imperialistas sul-africanas tanto de Angola como da Namíbia. E sob a ameaça de uma bomba atômica, que Israel ofereceu à  África do Sul, argumentando que as tropas cubanas tinham que ser dizimadas porque pretendiam chegar até Pretória..... Na heróica Batalha de Cuito Cuanavale  -  que todos os jornalistas, historiadores, militantes deveriam conhecer a fundo   -   lá estavam as tropas cubanas, mas lá estavam também as brigadas médicas de Cuba, que se espalharam por várias pontos de Angola. A vitória de Angola e da Namíbia contra a invasão da África do Sul,  foi também a derrota do regime do Apartheid. Citemos Mandela: “ A Batalha de Cuito Cuanavale foi o começo do fim do Apartheid.  Devemos o fim do Apartheid a Cuba!”.

Qual exame Revalida será capaz de dimensionar adequadamente o desempenho de um médico cubano em Cuito Cuanavala, com sua maleta de instrumentos numa das mãos e na outra uma metralhadora, livrando a humanidade da crueldade do Apartheid?  Como dimensionar o bem que o fim do Apartheid, com a decisiva participação cubana, proporcionou  para a saúde social da História da Humanidade?

                                                      As crianças de Chernobyl em Cuba

O sentido de solidariedade internacionalista está tão plasmado na sociedade cubana que, quando aquele terrível acidente ocorreu na Usina Nuclear de Chernobyl, em 1986,   o estado cubano recebeu, das organizações dos Pioneiros  -   que congregam crianças e adolescentes cubanos  -   a proposta de oferecer tratamento médico às crianças contaminadas pela radioatividade vazada no desastre. Um documentário realizado pelo extinto Programa Estação Ciência, dirigido pelo jornalista Hélio Doyle, exibido com freqüência TV Cidade Livre de Brasília, registra como Cuba compartilhou seus recursos médicos e hospitalares, mas, sobretudo, sua fraterna solidariedade com cerca de 3 mil crianças russas que foram levadas para tratamento na Ilha, nas instalações dos Pioneiros, em Tarará.  Destaque-se, primeiramente, que a idéia partiu dos Pioneiros. Segundo, que Cuba não se colocava na condição de doadora, mas apenas cumprindo um dever solidário. Lembravam que o povo soviético havia sido solidário com Cuba quando os EUA iniciaram o bloqueio contra a Ilha cortando a cota de petróleo e do açúcar, suspendendo o comércio bilateral, na década de 60. A URSS passou a comprar todo o açúcar cubano, pelo dobro do preço do mercado internacional, e a abastecer Cuba de petróleo, pela metade do preço de mercado mundial. São páginas escritas, em uma outra lógica, solidária, fraterna, socialista. É de se imaginar o quanto os dirigentes das representações médicas brasileiras poderiam aprender com aquelas crianças cubanas que ofertaram tratamento às 3 mil crianças russas, um contingente menor que o de médicos cubanos que virão para o Brasil?


                                                                     Impublicável

A cooperação entre Brasil e Cuba em matéria de saúde não está iniciando-se agora. Durante o governo Sarney, recém re-estabelecidas as relações bilaterais, em 1986,  foram as vacinas cubanas contra a meningite que permitiram ao  nosso país enfrentar aquele surto. Na época, a mídia teleguiada também fez uma sórdida campanha contra o governo Sarney, primeiro por reatar as relações, mas também por comprar grandes lotes da vacina desenvolvida pela avançada ciência de Cuba.  De modo venenoso, tentou-se desqualificar as vacinas, afirmando serem de qualidade duvidosa, tal como agora atacam a medicina cubana.  Na época, foram as vacinas cubanas que permitiram controlar aquele surto e salvar vidas. Mas, também trouxeram, por meio do exemplo, a possibilidade de que aprendêssemos um pouco dos valores e das conquistas de uma revolução. Afinal, por que um país com poucos recursos, com uma base industrial muito mais reduzida, conseguia não apenas elevar vertiginosamente o padrão de saúde de seu povo, mas, também desenvolver uma tecnologia com capacidade para  produzir e exportar vacinas, enquanto o Brasil, com uma indústria muito mais expandida, capaz de produzir carros, navios e aviões,  não tinha capacidade para defender seu próprio povo de um surto de meningite? São sagradas as prioridades de uma revolução. E é por isso, que, ainda hoje, a sexta maior economia do mundo,  se vê na obrigação de recorrer a Cuba para  não permitir a continuidade de um crime social configurado na não prestação de  atendimento médico a milhões de brasileiros.

Mais recentemente, quando a Organização Mundial da Saúde convocou a indústria farmacêutica internacional a produzir vacinas para combater um tenebroso surto de febre amarela  que se espalhou pela África, obteve como resposta desta indústria o mais sonoro e insensível NÃO. Os preços que a OMS podia pagar pelas vacinas não eram, segundo as transnacionais farmacêuticas, apetitosos.  Milhões de vidas africanas passaram correr risco, não fosse a cooperação entre dois laboratórios estatais, o Instituto Bio Manguinhos, brasileiro, e o  Instituto Finley, cubano. Essa cooperação permitiu a produção, até o momento, de 19 milhões de doses da vacina que a África necessitava, a um preço 90 por cento menor que o preço do mercado internacional. Onde foi publicada esta informação?

        Apenas na Telesur e na imprensa cubana. A ditadura dos anúncios da indústria farmacêutica, que dita a linha editorial da mídia  brasileira em relação ao programa Mais Médicos e à cooperação da Medicina de Cuba, simplesmente impediu que o grande público brasileiro tomasse conhecimento desta importantíssima cooperação estatal brasileiro-cubana.


Os médicos cubanos e o furacão Katrina


Para dimensionar a inqualificável onda de insultos que os médicos cubanos vêm recebendo aqui na mídia oligárquica, lembremos um fato também sonegado por esta mesma mídia, o que revela suas dificuldades monumentais para o exercício do jornalismo como missão pública. Quando ocorre o trágico furacão Katrina, que devasta Nova Orleans, deixando uma população negra e pobre ao abandono, dada a incapacidade e o desinteresse do governo dos EUA naquela oportunidade, em prestar-lhe socorro,  também foi Cuba que colocou  à disposição  do governo estadunidense   -   malgrado toda a hostilidade ilegal deste para com a Ilha   -   um contingente de 1300  médicos ,  postados no Aeroporto de Havana, com capacidade de chegar prestar ajuda à população afetada pelo furacão. Aguardavam apenas autorização para o embarque, e  em questão de 3 horas de vôo estariam em Nova Orleans salvando vidas. Esta autorização nunca chegou da Casa Branca.  A resposta animalesca do presidente George Bush foi um sonoro NÃO  à oferta de Cuba, o que tampouco foi divulgado pela mídia oligárquica, provavelmente para protegê-lo do vexame de ver difundido seu tosco caráter,  que tal recusa representava. Os Eua estão sempre prontos para enviar militares e mercenários pelo mundo. Mas, são incapazes de prestar ajuda ao seu próprio povo, e também arrogantes o suficiente para permitir uma ajuda de Cuba à população pobre e negra afetada pelo furacão.

                                              Uma Escola de Medicina para outros povos

Também não circulam informações aqui de que Cuba, após o furacão Mity, que devastou a America Central e parte do Caribe, decide montar uma Escola Latino-americana de Medicina, que, em pouco mais de 10 anos de funcionamento, já formou mais de 10 mil médicos estrangeiros, gratuitamente. Entre eles,  500 jovens negros e pobres dos EUA, moradores dos bairros do Harlem e do Brooklin. Eles me revelaram que se tivessem continuado a viver ali, eram fortes candidatos a serem presa fácil do narcotráfico. Frisavam que, estar ali em Cuba, formando-se em medicina, gratuitamente, era uma possibilidade que a maior potência capitalista do mundo não lhes oferecia. Há,  estudando na ELAM, cerca de uma centena de jovens do MST, filhos de assentados da reforma agrária.  Isto significa que Cuba compartilha com vários países do mundo seus modestos recursos. Também estudam lá cerca de 600 jovens do Timor Leste, sendo que existem 40 médicos cubanos trabalhando já agora no Timor. O tipo de exame Revalida seria capaz de dimensionar esta solidariedade cubana com a saúde dos povos?


                                                       Ampliar a integração em outras áreas


 Também não se divulgou por aqui,  que Cuba montou três Faculdades de Medicina na África, (Eritreia, Gambia e Guiné Equatorial),  em pleno funcionamento, com professores cubanos. Toda esta campanha de insultos contra Cuba e os médicos cubanos, abre uma boa possibilidade para discutir e conhecer  mais a fundo todas estas conquistas da Revolução Cubana, mas, especialmente, para que as forcas progressistas  reflitam sobre quantas outras possibilidades de cooperação existem entre Brasil e Cuba, em muitas outras áreas.

Mas, serve também para reavaliar a posição de certos parlamentares médicos da esquerda no Brasil que se opõe,  inexplicavelmente, ao Programa Mais Médicos, alguns chegando, ao  absurdo de terem apresentado  projetos de lei proibindo, pelo prazo de 10 anos, a abertura de qualquer novo curso de medicina no Brasil.
             
                                                     Qualificar o debate sobre a integração


Enfim, um debate democrático e qualificado em torno do programa Mais Médicos, da presença de médicos cubanos aqui no Brasil e em mais de 70 países, e também, sobre as conquistas da Revolução Cubana, deve ser organizado pelos partidos e sindicatos, pelo movimento estudantil, pelos movimentos sociais, pela Solidariedade a Cuba, pelas TVs e rádios comunitárias, como forma de impulsionar a integração da America Latina, que, neste episódio, está demonstrando o quanto pode ser útil à população mais pobre. A TV Brasil pode cumprir uma função muito útil, pode divulgar documentários já existentes sobre o trabalho de médicos em regiões inóspitas e adversas em diversos países.

 É preciso expandir esta integração, avançar pela educação, pela informação, não havendo justificativas para que o Brasil ainda  não esteja conectado com a Telessur, por exemplo, que divulgado amplo material jornalístico informando que 3 milhões e meio de cidadãos latino-americanos já foram salvos da cegueira graças a Operação Milagro,  pela qual médicos cubanos e venezuelanos realizam, gratuitamente, cirurgias de cataratas em vários países da região. Enquanto o povo argentino, por exemplo, já  pode sintonizar gratuitamente a Telesur e informar-se de tudo isto, o povo brasileiro está impedido, praticamente, de receber informações que revelam o andamento da integração da America Latina. Mas, com a chegada dos médicos cubanos, a integração será cada vez mais pauta da agenda do debate político nacional e  receberá , certamente,  um impulso político e social, notável, pois o povo brasileiro, saberá , com nobreza e humanismo, valorizar e apoiar o programa Mais Médicos. Alias, é exatamente  isto o que tanto apavora a medicina capitalista.

                              Há 70 mil engenheiros estrangeiros no Brasil hoje!

Segundo dados recentes do Ministério do Trabalho, existem hoje trabalhando no Brasil cerca de 70 mil engenheiros estrangeiros. Nenhuma gritaria foi feita. Neste caso, trata-se de petróleo e outros projetos, muito lucrativos para as multinacionais. Mas, quando se trata de salvar vidas, acendem-se todas as fogueiras do inferno da nova inquisição contra uma cooperação que é lógica e indispensável, solidária e humanitária. Por que é aceitável  a importação de telefones, equipamentos médicos, remédios, cosméticos, roupas, caviar, bebidas, vacinas e não se aceita a cooperação de médicos de Cuba, sendo este o único pais  em condições  objetivas  de apresentar-se prontamente e de maneira eficaz com profissionais experimentados.  Será que as representações médicas brasileiras possuem sequer uma remota idéia de que estão proferindo insultos a esta bela história da medicina  socialista de Cuba?

                                              Quem pagará a conta da demora?


 A presidenta Dilma tem inteira razão em convocar os Médicos Cubanos, algo que já poderia ter sido feito há mais tempo, amenizando a dor e o sofrimento de milhões de brasileiros abandonados por um sistema de saúde e por uma mentalidade de parcelas das representações médicas que, por mais absurdo que pareça, ainda tentam justificar este abandono. Aliás, com a determinação da presidenta Dilma está absolutamente revelada a importância da integração da América Latina, não havendo justificativas para que esta modalidade de integração nas esferas sociais,  não avance também para outras áreas, como a educação, por exemplo. Foi exatamente com o método cubano denominado “Yo, si, puedo”,  que Venezuela, Bolívia, Equador são países declarados pela UNESCO como “Territórios Livres do Analfabetismo”, sempre com a participação direta de professores cubanos. Muito em breve, será a Nicarágua, que vai recuperar aquele galardão, que já havia conquistado durante a Revolução Sandinista, mas depois perdeu,  na era neoliberal.  Por quanto tempo o Brasil terá apenas projetos pilotos, em apenas 3 cidades, com o método de alfabetização cubano, que, aliás, já tem absoluta comprovação e reconhecimento mundiais?  Que espera a sexta economia do mundo em  convocar ainda mais a cooperação cubana para erradicar o analfabetismo? Quem pagará a conta desta injustificável demora?

Termino com a declaração da Dra Milagro Cárdenas Lopes,  cubana, negra, 61 anos “Somos médicos por vocação, não nos interessa um salário, fazemos por amor”, afirmou.  Em seguida, dirigiu-se com seus companheiros para os ônibus organizados pelo Exército Brasileiro, que cuida de seu alojamento. Sinal de que a integração está escrevendo uma nova página na história da América Latina.

Beto Almeida
Diretor da Telesur                   

25 de agosto de 2013

domingo, 25 de agosto de 2013

ciência a isolar gene ligado à esquizofrenia
Depois de testes com pessoas de uma mesma árvore genealógica, pesquisadores descobriram que a ausência de um gene aumenta as chances do aparecimento da esquizofrenia.
Fonte:www. dw.de
A história da descoberta dos pesquisadores começou com uma desconfiança gerada por dados estatísticos. O ponto de partida foi uma distante região de zona rural de 20 mil habitantes, muito visitada por quem pratica esqui, no nordeste da Finlândia. A vila foi fundada no século 17 por apenas 40 famílias – todos os residentes da atualidade têm uma ligação com os primeiros moradores.
Nesse local, a probabilidade de uma pessoa desenvolver a esquizofrenia é três vezes maior que a média mundial. No mundo todo, o risco de o transtorno mental ocorrer é de 1%. Para Aarno Palotie, geneticista do Instituto de Medicina Molecular da Finlândia, esses números mereciam mais atenção.
"Quando visitamos a região onde a doença aparece com mais frequência e onde as informações genéticas são incomuns, vimos uma chance única de entender melhor a esquizofrenia", relatou Palotie em entrevista à DW.
Parâmetros da pesquisa
Ao analisar o material genético da população local, os pesquisadores buscavam genes que não se manifestavam com tanta frequencia em comparação com outras pessoas. Foi então que encontraram o TOP3β.
Quando esse gene está presente, o corpo produz uma proteína de mesmo nome. Ela influencia o material genético da célula e, ao que tudo indica, essa proteína também protege contra o aparecimento de falhas no cérebro. Os cientistas constataram que pessoas que nao têm o gene, e consequentemente não produzem a proteína, têm maiores chances de sofrer de esquizofrenia.
Esta é uma regra que não se restringe à Finlândia, mas vale para todo o mundo. "Nós nunca teríamos encontrado este gene se tivéssemos analisado moradores de grandes metrópoles de diferentes origens étnicas", afirmou Palotie, destacando a característica única do vilarejo finlândes.
Entre os sintomas mais comuns apresentados por pacientes esquizofrênicos estão alucinações e delírios, além de distúrbios na linguagem e na organização de pensamentos. Se a doença for diagnosticada em um estágio precoce, o quadro pode ser controlado com medicamentos.
http://www.dw.de/image/0,,17004551_401,00.jpgO filme "Uma Mente Brilhante" tratou loucura e esquizofrenia como temas próximos
Parceria inesperada
Enquanto os autores finlandeses se perguntavam porque esse gene em específico tinha relação com a esquizofrenia, bioquímicos da Universidade de Wurzburg, na Alemanha, souberam do estudo pela internet. Eles já investigavam a proteína TOP3β e ficaram entusiasmados com a descoberta de Palotie. "Nós já tínhamos um palpite de que o gene tinha algo a ver com a doença, mas descobrimos ao ler o estudo que ele realmente era um fator de risco ", contou George Stoll, da universidade alemã.
TOP3β não é o único gene considerado pela ciência como fator chave no desenvolvimento da doença. Pesquisadores já haviam descoberto diferentes genes desse tipo, inclusive uma concentração deles no cromossomo 22. No entanto, a causa bioquímica que provoca o efeito observado ainda é um mistério. O mesmo vale para o TOP3β.
Até agora, pesquisadores sabem que a proteína produzida pelo gene provoca efeitos no núcleo celular e que ela atua na regulação do gene. "Nós já havíamos identificado os rastros do sinal celular quando a proteína é ativa. Ou seja, nós já sabemos onde procurar", disse Stoll. Os cientistas querem descobrir o que exatamente acontece de errado na célula quando a proteína não está presente. E a razão pela qual essa combinação faz com que a esquizofrenia apareça.
Transtorno duplicado
O que torna o gene tão interessante é que ele faz parte de um grupo maior de genes. Um de seus "genes parceiros" é o chamado FMRP, que também é ligado a um distúrbio mental chamado síndrome do X frágil, uma deficiência mental que se manifesta, entre outros, no autismo.
Segundo o espectro de transtornos mentais definido pelos cientistas, esquizofrenia e autismo são exatamente o oposto. "Nós acreditamos que, dependendo de qual das duas proteínas está ausente na célula, isso desencadeia um extremo ou o outro", diz Stoll.
As duas doenças, portanto, estariam ligadas geneticamente e se manifestariam, na maior parte das vezes, conjuntamente. Estudos recentes confirmam essa teoria, afima Palotie. "Temos dados que ainda não foram publicados que mostram que as pessoas que sofrem de síndrome do X frágil têm um alto risco de ter esquizofrenia."
http://www.dw.de/image/0,,16879456_401,00.jpgMuitos genes influenciam as chances de uma pessoa ser esquizofrênica
Alvo potencial para medicamentos
Por meio de teste genético, já é possível descobrir se existe risco de a esquizofrenia se manifestar. No entanto, Stoll não se mostra muito entusiasmado com essa iniciativa: a falta do gene TOP3β não significa que a pessoa terá o transtorno.
Mais importante que os testes é usar a descoberta para desenvolver novas substâncias, capazes de substituir a proteína que falta na célula. "Encontrar um único gene e caracterizar a sua função é um passo na direção correta, mas não pode haver a expectativa de que isso leve à cura da esquizofrenia", pondera Stoll.

sábado, 24 de agosto de 2013

Médicos brasileiros contra médicos estrangeiros: a luta continua.

Uma pequena contribuição ao debate.
O DRAGÃO DA MALDADE DA ‘FALTA DE CONDIÇÕES’
CONTRA O SANTO GUERREIRO DO ‘REVALIDA’
Samuel Gueiros (Médico)
Entro no debate para jogar merda no ventilador.
E quem escreve? Bom, não tenho autoridade acadêmica mas experiencia de 35 anos no interior da amazonia e de mesmo assim ter vivido medicina em um país de primeiro mundo (Inglaterra, 1 ano), com uma Bolsa do Conselho Britânico. Medicina em Fortaleza, Residência no Rio, visitei e trabalhei em diversas cidades do interior da amazônia e conhecido a realidade de centenas de empresas e condições de trabalho e vida nessas diversas cidades também como auditor fiscal do Ministério do Trabalho. E que trabalhei como médico de sindicato, e de hospital publico de interior (Itaituba, Oriximiná, Juruti e Altamira, no Pará), professor de Medicina Legal da UFPA, Perito do IML  (em Santarém) e dono de clínica particular, porque não?
O DRAGÃO
Essa história de “falta de condições” é de uma hipocrisia gritante. Falta de condições existem  mesmo nas capitais, onde morrem pessoas todos os dias vítimas de descaso da medicina e de médicos, não se culpem só os dirigentes ou o Governo. Presenciei essa “falta de condições” em hospitais do Rio durante 2 anos de Residência. O primeiro impacto que tive foi no concurso para Bolsista do Ministério da Saúde onde lá encontrei meus nobres amigos Armando Negreiros e Paulo Negreiros. Na Reunião para definir onde se lotariam os novos médicos, todo mundo só queria os hospitais do centro do Rio. E nós, oriundos de Mossoró e Fortaleza,  particularmente eu que fazia Residência em Clinica Médica no Andaraí, fomos dos únicos a ir para o Hospital da Colônia Juliano Moreira, lá em Jacarepaguá, no fim do mundo, onde havia a maior necessidade de assistência médica e psiquiátrica mas que ninguem queria ir, mesmo sendo no Rio de Janeiro. Era um hospital típico “do interior” e por isso “não tinha condições de trabalho”. Ir pra Colônia era pagar mico. Lembro-me que eu e um colega de Niterói investimos na assistência clínica dos doentes mentais visto que, como crônicos, a maioria estava condenada ao tratamento até o fim da vida. Passamos a realizar exames clínicos e ginecológicos dos pacientes crônicos, rastrear hipertensão e diabetes e o maior impacto foi quando retiramos cacos de um copo quebrado dentro da vagina de uma paciente que sangrava e há dias apenas tomava antihemorrágicos e antipsicóticos. Sem um simples exame não dava pra saber nada, pois ela nada informava.
NA AMAZONIA
Ao   vir para o interior da amazônia, na década de 80, constatei em diversos locais condições de trabalho razoáveis para o exercício de uma medicina básica e em alguns casos até mesmo de medicina de alta complexidade como se vê há mais de 10 anos hoje nos hospitais regionais de Altamira e Santarém, inclusive com serviços de oncologia e UTI neonatal, considerados hospitais de excelência. Mas aqui no Pará, 80% dos médicos está aonde? Em Belém, claro, olhando o interior por cima dos ombros, achando que não tem condições de trabalho, entoando o coro dos descontentes com a cantilena do revalida, “denunciando” os riscos da população com os novos médicos, riscos com os quais nunca se preocuparam.
A CLINICA VARIG
Lembro-me que quando organizamos um pequeno hospital em Santarém em 1980, com apenas 3 médicos, dois ex-residente de hospitais do Rio, a nossa principal meta era acabar com a prática de que quando a coisa complicava, se encaminhava logo pra Belem (A Clínica VARIG). Procuramos botar a mão na massa, dar plantão fim de semana, funcionar o centro cirúrgico mesmo “sem condições” mas salvamos muitas vidas e o colega cirurgião chegou a fazer neurocirurgia com o auxílio de um colega neurocirurgião  que veio de Belem, com o paciente sendo operado em Santarém e sobreviveu. Com a pressão dos pacientes, das emergências, lembrei o quanto foi importante a residência para mim e principalmente para o meu colega cirurgião, e mais ainda a importância de estar alí, frente a frente com as doenças graves, e a nova aprendizagem empolgante que salvava vidas em situações que eu achava irrecuperáveis, como os casos do politraumatizado de um acidente aéreo, de um garimpeiro vítima de meningite, e outro de pancreatite, fora os surtos psicóticos tratados em hospital-geral, vendo na prática o que Franco Basaglia defendera em Trieste. O maior desafio para mim ao chegar no interior não foi só ganhar dinheiro mas me surpreender e querer fazer o mesmo que os colegas que aqui conheci, trabalhando com as chamadas “sem condições”, mas salvando de fato vidas, fazendo saúde pública, curando e reabilitando pessoas. Meu Deus, eu não sabia de nada, vindo do Rio e tantos colegas aqui sabiam tudo! Armando conheceu Dr. Pena, um baiano, o médico que fundou a primeira clínica particular do interior da amazônia, uma espécie de Albert Schweitzer da Amazonia, um verdadeiro professor itinerante de medicina.
O SANTO GUERREIRO REVALIDA
Outra falácia é essa história do “revalida”, quando sabemos do exército de incompetentes no país, de médicos mal formados, mal treinados, fazendo besteira em capitais e no interior, com ou sem condições. Se fossem aplicar o Revalida na medicina brasileira não ia passar nem a metade. Aliás, no Brasil provas de aferição de competência é sempre um desastre, está aí a OAB que não deixa mentir. Se o CREA entrar na briga, preparem-se para mais desabamentos.
RESERVA DE MERCADO
O que se constata é que os médicos brasileiros, a exemplo de quase todos os profissionais de nível superior, não querem ir pro interior, por puro preconceito e nojo. Ficamos anos e anos nas capitais, mas achando que o interior já era nosso. A Medicina brasileira se achava dona de verdadeiros “lotes improdutivos”, ou seja, o interior tava lá, era propriedade dos médicos brasileiros da capital, uma espécie de reserva de mercado, mas ninguem queria tomar posse, ninguem ia lá para plantar nada; deixavam que os “garimpeiros” da saúde fossem se arriscar no interior, fazer a sofrida “lavra manual” da medicina, à espera de num incerto futuro pudessem fazer a “lavra mecanizada”. Beneficiários de uma espécie de "Tratado de Tordesilhas" de araque, faziam medicina só nas capitais mas se sentindo donos da outra metade do país - os bandeirantes médicos que fossem atrás, que se fudessem.
Donos de sesmarias médicas, na verdade, se formam em universidades públicas e só querem fazer a medicina mecanizada, automatizada, particular. Querem ser apenas motoristas de artefatos fabricados pelo complexo industrial médico-hospitalar. Ninguem quer fazer consulta, exame, sujar a roupa de sangue, ir pra linha de frente, atender doente. Ninguém quer ter esforço de fazer uma anamnese ou diagnóstico, mas apenas se beneficiar deles. Nós médicos brasileiros, latinos, espertos, malandros, não temos vocação para Albert Schweitzer um anglosaxão pragmático mas idealista.
Achamos lindo os “médicos sem fronteira” e tem até médicos que vão pra esse projeto para voltar para as capitais e em coquetéis e reuniões de ONGs, em Ipanema, se orgulharem de dizer que já foram lá. Mas ninguem quer ir pra fronteira do Acre, fazer a medicina real, suja, de doentes brasileiros, porque na volta vai ter vergonha de dizer que esteve lá, que tratou de caboclos e índios. Médicos em Santarem do Projeto Saúde e Alegria se embrenharam nas matas da amazônia "sem condições" e hoje são reconhecidos internacionalmente, com reportagens no Fantástico e Globo Reporter.
Veja o que diz a wikipedia sobre Albert Schweitzer (“Em 1905 iniciou o curso de medicina, e seis anos mais tarde, já formado, casou-se e decidiu partir para Lambaréné, no Gabão, onde uma missão necessitava de médicos. Ao deparar-se com a falta de recursos iniciais, improvisou um consultório num antigo galinheiro e atendeu seus pacientes enfrentando obstáculos como o clima hostil, a falta de higiene, o idioma que não entendia, a carência de remédios e instrumental insuficiente. Tratava de mais de 40 doentes por dia e paralelamente ao serviço médico, ensinava o Evangelho com uma linguagem apropriada, dando exemplos tirados da natureza sobre a necessidade de agirem em beneficio do próximo”).
REVALIDA: UM NUREMBERB TUPINIQUIM
É uma tremenda hipocrisia essa de inventar justificativas toscas para investir contra médicos estrangeiros, vendo chifre em cabeça de cavalo, tentando ideologizar a discussão, dando uma de preocupados com a “saúde pública dos brasileiros” empunhando a espada do Revalida. Que até pode ter ideologia, que até podem ser espiões, incompetentes, o escambau. Mas não é esse o problema central. O problema é a falta de médicos.
Insisto que toda essa gritaria não passa de uma ciumada, de uma classe medica que até então achava que os “lotes improdutivos” de medicina lhe pertenciam por herança, e se formaram capitanias hereditárias de especialistas em todos os níveis, mas apenas nas capitais. Com a nossa herança patriarcal, aristocrática, não tivemos nenhum Tomé e Sousa ou Duarte Coelho da medicina. Tivemos médicos anônimos, que correram pro interior pra salvar vidas, que construiram clínicas, hospitais, que deram sobrevida a trabalhadores descamisados, a colonos hipertensos, a matronas diabéticas, a crianças verminóticas, situações para as quais uma simples consulta poderia salvar suas vidas. E esses médicos morreram anônimos, não fizeram parte da AMB ou do CFM.
Agora que médicos estrangeiros, de uma cultura muito mais progressista, da verdadeira medicina de família vem para cá, contemplando o que realmente estamos precisando, os especialistas entraram em panico, o complexo industrial médico-hospitalar entrou em parafuso pela perda de uma suposta clientela cativa que agora lhe escorre das mãos. Porque se a medicina de família prosperar desafia o complexo industrial médico-hospitalar, já denunciado por Ivan Illich na década de 70.
Os estrangeiros trazem uma medicina que não precisa de tomografia, nem de dopler, nem de imageologia sofisticada, apenas de simples consultas que podem salvar muito mais vidas. De simples procedimentos que reduzem a mortalidade infantil. De atitudes e gestos que salvam pessoas da desgraça eterna de uma doença cronica e aumenta a expectativa de vida. A medicina clínica clássica, que alicerçou a Semiologia e a Fisiopatologia, não foi a tomografia, nem o dopler, nem a ultrassonografia, foi a clínica (“clinos, leito”), tão repudiada, tão rejeitada pelos novos médicos que não olham para a cara do doente, mas passam meia hora olhando para uma imagem, para uma lâmina, para um microscópio, para um gráfico, para uma tabela, para uma bula de mais um medicamentos caríssimo e de eficácia duvidosa. Nada contra a tecnologia de ponta, que a uso diariamente. Mas o conceito de clínica soberana vai virando um lixo, é obsoleta, ridícula.
Mas não, os médicos brasileiros estão a inventar “riscos” inexistentes, a guerrear contra os 300 de Cuba, que os médicos de fora são uma ameaça maior do que ficar sem médico, ora paciência. O maior risco é a falta de médicos. Se abandonada está a população do interior, que diferença faria um médico mesmo de formação mais simples? Quanto incompetentes matam pessoas nas capitais, formados, especialistas neste país? Quantas faculdades já foram fechadas no Brasil pela falta de condições de ensinar medicina mas que muitos sairam graduados dessas escolas com um diploma 007?  Quanta merda eu mesmo já fiz e só aprendi com o exercício clínico com pacientes humildes e do interior? E quantas localidades se debatem com charlatães, curandeiros, pajés, mas o CFM e a AMB nunca fizeram nada, nunca se falou em risco para a população?
Pois é, não estamos falando de pajés ou curandeiros ou charlatães que estão vindo para o Brasil, mas de médicos, pelo amor de Deus.
Na Inglaterra, vi pessoalmente como os postos de saúde são de uma simplicidade franciscana, dá-se valor à Clínica, há uma real hierarquização, há um Sistema Único de Saúde de altíssima qualidade que funciona, mas no Brasil confundiu-se “evidencias” com tecnologia, e foda-se a clínica e a semiologia.
GELÉIA GERAL
E não é só com médicos esse comportamento, essa cultura de nojo do interior. E isso é assim com engenheiros, professores, é uma praga nacional. É a cultura do saque, latina, ibérica, que vem pro interior pra fazer um garimpo e depois voltar pra capital. Como Cortez no Mexico, arranca-se o coração do paciente e leva-se a prata para gastar no shopping da Corte. Os que falam nesses dragões e santos não querem desenvolver nada, ninguem que participar, ninguem quer trabalhar no pesado. Não há mentalidade progressista ou desenvolvimentista. Criou-se um preconceito do médico do interior, do médico caipira, que vai pro interior pra enricar e virar prefeito. Do estereótipo do cara que se diz que faz tudo mas não sabe nada. Ninguem quer pagar mico, ninguem quer sofrer gozação na capital por estar no interior. Mas se inventou esse dragão da maldade da “falta de condições”.
Como médico perito que avaliei centenas de candidatos ao serviço público de diversos níveis, médicos, engenheiros, professores, etc. que fizeram concurso nas capitais para vir para o interior, fui testemunha de invariavelmente, assim que chegam aqui começam a meter atestados médicos, e mil justificativas, a pedirem laudos de incapacidade, desonestos com o compromisso que assumiram ao entrar no serviço público, utilizando lobby político e o escambau para voltar para a capital.
A maioria dos médicos que fala em “falta de condições” e “revalida” nunca fez uma consulta em um posto de periferia do interior, quiçá da capital.
Leia abaixo a verdadeira análise da situação com a qual assinei embaixo e por favor me poupem de mandar emails com essa cantilena repetitiva de que seremos vítimas de espiões cubanos, de agentes do comunismo internacional, de danos aos brasileiros e não me convidem para ir às ruas com uma cartolina escrita Revalida;
Sou contra Dilma Roussef, detesto Lula, sou membro fundador do PSDB em Santarém, voto no Aécio, vomito contra o mensalão, mas trazer médicos de qualquer país para cá, é um avanço, infelizmente vai servir para engordar as burras do PT, pois a população que não tem chuva vai vibrar nem que seja com uma gota d’agua.
Assim como foi na abertura do mercado da informática e dos carros importados, os médicos estrangeiros vão impor vergonha na cara dos médicos brasileiros para trabalharem no interior e não se envergonharem ou terem nojo do resto do Brasil.
VERGONHA NACIONAL
E mais, vamos passar a maior vergonha quando os índices de saúde dessas localidades onde estão os médicos estrangeiros começarem a mudar, e aí eu quero ver neguinho falando em revalida, em riscos para a população, em “falta de condições”. E aí a medicina brasileira vai pagar o maior mico histórico.  E tem mais, provavelmente muitos médicos vão correr pro interior para aprender com esses médicos estrangeiros, e quem sabe aí percam o preconceito depois de matar a propria inveja. Médicos estrangeiros que aliás, estão estupefatos com a babaquice médica nacional de repudiá-los sob o hipócrita pretexto de “proteger a população”. Especialistas de 38 anos de medicina pública de Portugal e Espanha estão sendo tachados de incompetentes, sendo levados para o Revalida como se estivessem em Nuremberg. Vejam em seguida o exemplo de Tocantins.
Temos muitos médicos querendo ser Miguel Nicolelis, mas ninguem quer ser Carlos Chagas.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O homem foi à Lua. Você duvida?

Mensageiro Sideral

De onde viemos, onde estamos e para onde vamos

PerfilSalvador Nogueira é jornalista de ciência e autor de sete livros
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Cinco provas da ida do homem à Lua

Este é um tema que aparece com tanta frequência por aí que achei por bem pegar uma sexta-feira tranquila para esclarecer a situação de uma vez por todas. Encare o texto como um “happy hour espacial” — até porque o material é perfeitamente adaptável a conversas de bar.
John Young, da Apollo 16, presta continência à bandeira. Na Lua, não num estúdio.
Ou você nunca ouviu ninguém tentando te convencer de que a ida do homem à Lua foi a maior farsa do século 20? E o pior: quem acredita nisso sempre vem com um monte de argumentos que até soam razoáveis, não é?
Pois então aqui vamos nós, sem medo de errar, para os teóricos da conspiração de plantão: os americanos de fato foram à Lua e fizeram seis pousos bem-sucedidos, entre 1969 e 1972.
E tem um detalhe importante que os entusiastas da hipótese da farsa não costumam mencionar — foram seis pousos, mas sete tentativas. Lembrem-se da Apollo 13, vítima de uma falha catastrófica que quase levou à perda da tripulação em 1970. Os astronautas acabaram não caminhando sobre a Lua, mas pelo menos voltaram vivos para contar a história. O que teria acontecido nesse caso? Os cenários falsos não ficaram prontos em tempo? Por que diabos os americanos encenariam uma tragédia, quando o objetivo era mostrar como a tecnologia deles era à prova de falha?
Ah, claro, os críticos logo dirão: “para dar credibilidade à farsa”. Sempre tem uma resposta, não?
Certamente muito já se falou de como as fotos foram forjadas, como não há estrelas nelas, como a Nasa apagou de propósito material em vídeo da Apollo 11, como há pedras cenográficas com marcação nelas, como a bandeira tremula sem ar…
Nada disso para em pé e pode-se contestar tecnicamente cada uma das afirmações. Mas vou trabalhar de outro jeito aqui. Em vez de refutar as “evidências” de que tudo não passou de uma farsa, vou apresentar as razões incontestáveis pelos quais se pode concluir que tudo realmente aconteceu como está nos livros de história.
Quem construiu este foguete não sabia quem estava dentro?
1- Ninguém conspira quando meio milhão de pessoas sabem a verdade.
Se você juntar todo mundo que trabalhava na Nasa e nas empresas contratadas para desenvolver as espaçonaves — os astronautas, os engenheiros, os técnicos, os cientistas, os burocratas etc. –, são mais de 400 mil pessoas espalhadas pelos Estados Unidos, livres, leves e soltas. Nosso amigo Snowden já demonstrou como é difícil qualquer governo fazer algo muito controverso e manter isso em segredo por muito tempo. E tenho certeza de que muito menos gente trabalha no Big Brother do Obama do que no mamute que era o programa espacial americano nos anos 1960. Detalhe: esse segredinho teria de ser guardado durante cinco décadas. Até hoje, ninguém envolvido com o Projeto Apollo deu com a língua nos dentes, o que já consiste em evidência concreta de que as missões não foram encenadas.
2- Os caras trouxeram rochas lunares. Muitas rochas.
As pedras trazidas pelos astronautas do Projeto Apollo foram estudadas por muita gente, no mundo inteiro, inclusive entre os arquirrivais russos. Aliás, eles são os maiores defensores involuntários do sucesso americano, porque também colheram suas amostras lunares, em missões não-tripuladas da série Luna. Se houvesse uma discrepância de composição entre as pedras americanas e as russas, os camaradas certamente gritariam. Aí os teóricos da conspiração rebatem dizendo que as rochas americanas são reais, mas também foram trazidas — secretamente — por missões não-tripuladas. Só que tem um probleminha: é muita pedra. São 382 kg de rochas lunares americanas, contra 326 g das missões russas. O “k” de quilograma aí em cima é sinônimo de “mil vezes mais”.
Rochas lunares trazidas por Neil Armstrong e Buzz Aldrin, da Apollo 11
Para trazer esse monte de coisa lá de cima, os americanos precisariam de uma nave tão grande que… você adivinhou, tão grande que caberiam tranquilamente dois astronautas nela. Então, achar que eles mandaram a nave para lá vazia, magicamente usaram robôs dos anos 1960 (quem sabe iguais àquele da série “Perdidos no Espaço”?) para recolher mais de 50 kg de pedras em cada missão, e trouxeram a nave de volta automaticamente, para depois encenar o envio de astronautas, é, no mínimo, ingenuidade. Para não dizer burrice.
3- As missões deixaram “espelhinhos”.
O LRRR, experimento que consiste num espelhinho que rebate raios laser, levado pela Apollo 14
Um dos experimentos que os astronautas fizeram foi instalar pequenos dispositivos com espelhos na superfície lunar. Não era por vaidade. O objetivo era medir com precisão milimétrica a distância da Terra à Lua. Um laser disparado daqui chega até lá, é rebatido pelo espelhinho e volta. Contando o tempo de ida e volta (e sabendo qual é a velocidade da luz), eles podem calcular com precisão a distância. Legal, né? E o mais legal é que esses espelhinhos podem ser usados por qualquer um que tiver um laser dos bons (aqueles que apontam para a cara do goleiro no estádio não servem) para refazer o experimento. Será que os camaradas russos não teriam avisado seus colegas ianques de que os espelhinhos estavam com defeito e não rebatiam os lasers vermelhos deles? Ah, claro, os espelhinhos foram colocados lá pelas naves gigantes vazias que levaram os robôs do “Perdidos no Espaço” para colher as rochas lunares.
4- No espaço, todo mundo ouve você falar pelo rádio.
Os russos monitoravam as comunicações por rádio entre o controle da missão e os astronautas. Dava para ver que as transmissões vinham de onde os americanos diziam que vinham — da Lua. Há até quem alegue que as naves vazias enviadas pelos americanos para fingir que a missão estava rolando transmitiam diálogos gravados automaticamente, para enganar a turma do outro lado da cortina de ferro. Pode ser. Mas, de novo, era mais fácil mandar os astronautas até a Lua para valer do que combinar todas essas encenações ao mesmo tempo.
5- Tem fotos de satélite dos cacarecos deixados pelos astronautas.
Imagem de satélite mostra sítio de pouso da Apollo 11. Ausência de sombra da bandeira indica que ela caiu mesmo.
Algumas das imagens mais bacanas da sonda americana Lunar Reconnaissance Orbiter, lançada pela Nasa em 2009, mostram os sítios de pouso das missões Apollo. É possível ver o que sobrou do módulo de pouso e dos instrumentos, assim como as trilhas deixadas pelos jipes usados pelos americanos nas últimas missões. Até mesmo os caminhos de rato deixados pelos astronautas ao caminhar sobre a Lua são vísiveis, e há agora evidência de que Buzz Aldrin estava certo ao reportar que a vibração causada pela decolagem da Eagle (Módulo Lunar da Apollo 11) provavelmente derrubou a bandeira americana fincada ali pelos astronautas. Então, para descartar essas novas evidências, os fãs da conspiração apontam que a LRO é americana, e nenhuma sonda de outro país obteve imagens similares. Os cientistas americanos de hoje estariam só seguindo a tradição de seus predecessores e mantendo a farsa em pé. Certo. O que ninguém responde é porque nenhum outro país (Rússia ou China adorariam embarcar nessa) projetou um satélite com o propósito expresso de desmascarar os americanos. Não seria tão difícil para quem pousou jipinhos não-tripulados na Lua nos anos 1960, caso da antiga União Soviética. A resposta é: ninguém fez isso porque seria uma imensa perda de tempo.
Em resumo: os americanos foram mesmo à Lua, por mais que tentem nos convencer de que não é verdade. O que nos deixa com apenas uma pergunta que os teóricos da conspiração costumam fazer. Se o homem já pisou no solo lunar, por que nunca mais ninguém foi lá depois do Projeto Apollo?
A resposta é simples. Custa um caminhão de dinheiro, e não há mais Guerra Fria. Na época em que o Projeto Apollo estava se desenrolando, 5% do Orçamento do governo americano ia para a Nasa. Atualmente, esse valor é inferior a 0,5%, e com a crise econômica querem cortar ainda mais. Veja você, a Nasa sempre foi e continua sendo a agência espacial mais rica do mundo, que gasta anualmente cerca de 5 vezes mais que segunda colocada, a ESA, sua contraparte europeia. Ou seja, se ela não pode, os outros, muito menos.
Uma coisa curiosa é que, a essa altura do campeonato, as tecnologias desenvolvidas para ir à Lua nos anos 1960 já foram “esquecidas”. Os engenheiros da época se aposentaram ou morreram, e o pessoal de hoje em dia, quando foi projetar a Órion, nova cápsula americana para viagens além da órbita da Terra, teve de ir desmontar uma Apollo antiga, peça de museu, para ver como os engenheiros da época a construíram. É o que acontece quando programas tecnológicos são descontinuados: aos poucos, o conhecimento se perde. Hoje, se quisermos voltar à Lua, teremos de recomeçar do zero. E com muito menos grana para gastar. Por isso, comemore. Sobrevivemos à Guerra Fria, não teve holocausto nuclear, e ganhamos de brinde vários suvenires trazidos da Lua por 12 sujeitos incrivelmente corajosos. Essa é toda a verdade

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Por causa da pistolagem.

Condenados três acusados de assassinatos em rixa de famílias que já matou 100 no Nordeste.


Aliny Gama
Do UOL, em Maceió
  • Divulgação/PM-PB
    Cinco acusados de assassinatos em rixa de famílias são julgados na Paraíba
Um júri popular condenou três pessoas acusadas de assassinato motivado por rixa entre as famílias Oliveira, Veras e Suassuna, nesta terça-feira (13), no Fórum Criminal de João Pessoa. A briga entre os clãs das três famílias já vitimou ao menos cem pessoas, segundo o TJ/PB (Tribunal de Justiça) da Paraíba, nos Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e São Paulo.
A operação "Laços de Sangue", desencadeada em outubro de 2011, prendeu cinco suspeitos de envolvimento nos confrontos entre as três famílias, que ocorrem desde a década de 1950, motivadas inicialmente por poderio político, mas, agora, por vingança. Com a prisão dos suspeitos, a polícia disse acreditar que a rixa entre as famílias foi desarticulada.
Três dos cinco acusados foram condenados pelo assassinato de Aldo Suassuna de Sousa, em Patos (300 km de João Pessoa), em 26 de junho de 2011, quando a vítima foi alvejada a tiros em frente ao bar Espetinho do Raniere.
Segundo o TJ/PB, os condenados foram Raimunda Ednalva de Mesquita, que recebeu a pena de 24 anos e 3 meses pelos crimes de homicídio e formação de quadrilha;  Raimunda Cleide Batista de Oliveira, condenada a 20 anos, por homicídio e formação de quadrilha; e Vinícius de Mesquita Sousa, a 18 anos e 6 meses, por homicídio. Foram absolvidos João Lustosa de Sousa e Raimunda Cleonice de Mesquita Sousa.
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Relembre crimes e julgamentos brasileiros famosos51 fotos

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Jorge Negromonte, 50, e Jéssica Camila, 22, acusados, junto com Isabel Cristina, 51, de matar, esquartejar e praticar canibalismo com duas mulheres em Guaranhuns (PE), em 2012. O trio será julgado por homicídio quadruplamente qualificado (motivo fútil, dificuldade de defesa da vítima, meio cruel da execução e asseguramento do crime de incapaz cometido anteriormente) e por ocultação de cadáver Leia mais Reprodução

Confrontos

Os confrontos entre os Oliveira, Veras e Suassuna já duram mais de meio século e se iniciaram em 1950, em Catolé do Rocha ( 427 km de João Pessoa), com a disputa pelo poder político entre os Suassuna e os Maia.
A rixa entre as três famílias se acirrou com a morte da patriarca do clã dos Oliveira, Silvino Mesquita de Oliveira, em 1995, que teria sido assassinado a tiros por Pedro Veras de Sousa. Os filhos de Silvino Oliveira passaram a ameaçar os Veras, que resolveram "se precaver" e assassinaram Grimalcy Mesquita, filho de Silvino.
Após a morte de Grimalcy, parte da família Oliveira resolveu se mudar para São Paulo e começou a juntar dinheiro para financiar novos assassinatos para vingar as duas mortes, com pistoleiros de aluguel, segundo informações da polícia.

Ação 'mafiosa' em São Paulo

A obstinação por vinganças com os assassinatos fez a polícia descobrir que as famílias estavam fazendo seguro de vida no nome dos alvos para receberem as apólices dos mortos, que financiariam contratação de pistoleiros para vingar em novos assassinatos. Os seguros de vida recebidos chegaram a custar até R$ 200 mil.
De acordo com a polícia, a família Oliveira dividiu-se em duas partes – uma foi morar em São Paulo e outra ficou no Sertão Paraibano. As investigações policiais apontaram que os Oliveira que moram em São Paulo são chamados de "Paraíbas" e são acusados de fazer várias extorsões em comerciantes da rua 25 de Março, as quais exigem dinheiro em troca de segurança para as lojas.
UOL tentou contato com as três famílias, que residem no sertão paraibano, mas ninguém quis comentar sobre o assunto.
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Relembre o caso PC Farias33 fotos

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Maio de 1992 - PC Farias, que na foto coloca óculos durante campanha eleitoral, é denunciado por Pedro Collor, irmão do presidente, como o responsável pela montagem de uma rede de tráfico de influência e extorsão dentro do governo Jorge Araújo/Folhapress